Damasco teve confrontos entre os rebeldes e as forças governamentais pelo terceiro dia consecutivo, esta Terça-feira (17), nos mais violentos combates na capital síria 17 meses de rebelião contra o presidente Bashar al Assad. Forças de segurança e veículos blindados cercaram áreas rebeldes como o bairro de Midan (sul), mas foram incapazes de expulsar os combatentes da oposição, segundo os activistas.
Um vídeo divulgado pela oposição mostrava homens de jeans escondidos atrás de sacos de areia nos becos, disparando granadas de propulsão e metralhadoras no meio das nuvens de poeira e estampidos.
Os rebeldes queimaram pneus e bloquearam algumas ruas para proteger os combatentes. Colunas negras de fumaça erguiam-se sobre a capital.
Os activistas disseram que o bairro oposicionista de Tadamon, na periferia, foi alvo de foguetes e disparos de artilharia. Em Midan, os moradores disseram que há franco-atiradores nos telhados.
“Há soldados por todo o lado, posso ouvir as ambulâncias”, disse um morador dos arredores. “Parece uma guerra em Damasco.”
O governo pouco disse sobre o avanço do conflito para a capital. A TV estatal informou, Segunda-feira (16), que as forças do governo estavam a buscar “grupos terroristas” escondidos em alguns bairros de Damasco.
Um combatente disse à Reuters que os rebeldes continuam a lutar porque não têm como recuar para áreas mais seguras. “Se eles pudessem sair, sairiam”, afirmou.
Os activistas da oposição disseram que a ocorrência de combates no coração do poder de Assad mostra que os rebeldes estão a perder o medo das forças governamentais.
“Quando voltas os seus canhões para o coração de Damasco, para Midan, perdeste a cidade”, disse o activista Imad Moaz, de Damasco. “Os rebeldes na rua têm o apoio de famílias em todo o Damasco.”
O Observatório Sírio de Direitos Humanos disse que os combates espalharam-se desde a noite de Domingo para outras áreas da capital, e que os helicópteros bombardearam alguns bairros.
A violência continua desenfreada também noutros pontos do país. O Observatório, com sede na Grã-Bretanha, disse ter recebido relatos de que mais de 150 pessoas foram mortas, Segunda-feira.
É difícil verificar os relatos feitos por activistas, por causa das restrições do governo ao trabalho da imprensa internacional.
Na frente diplomática, o mediador internacional, Kofi Annan, vai reunir-se, Terça-feira, em Moscovo com o presidente Vladimir Putin, mas a Rússia parece relutante em ceder aos pedidos ocidentais para que pare de proteger Assad.
Segunda-feira (16), o chanceler russo, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de incluir “elementos de chantagem” numa proposta de resolução que renova o mandato da missão de observação da ONU na Síria, mas que também inclui ameaças de sanção.
A Rússia quer a aprovação doutra versão do texto, que prorroga a missão de observação, mas sem falar em sanções.
“Se os nossos parceiros decidirem bloquear a nossa resolução a qualquer custo, então a missão da ONU não terá um mandato e terá que deixar a Síria. Isso seria uma pena”, disse, Segunda-feira, o chanceler Sergei Lavrov.