As aulas do ensino básico e secundário geral no distrito de Muecate estão a decorrer a meio gás devido, sobretudo, à ausência de grande parte do efectivo escolar por se encontrar engajada nas tarefas de colheita e aprovisionamento dos produtos agrícolas na companhia dos seus pais e ou encarregados de educação que os pressionam para o efeito, segundo informações colhidas do governo local que está, neste momento, a esboçar um plano de intervenção para inverter o cenário.
Constantino Pirai, director distrital da Educação, Juventude e Tecnologia em Muecate, referiu que o abandono das aulas por parte dos alunos em todos níveis de escolaridade é um fenómeno que tem vindo a repetir-se há vários anos, mas que ganha ímpeto nos últimos dois anos a esta parte, sobretudo porque os pais e/ou encarregados de educação aumentaram as suas áreas de cultivo em resposta aos apelos do governo no sentido de acabar com as bolsas de fome.
Segundo Pirai, os alunos partem em auxílio dos seus pais e/ou encarregados de educação no período das ferias entre o segundo e o terceiro trimestre, só que não voltam a tempo de retomar as aulas no período fixado pelas autoridades da educação, havendo casos de desistências cujo número cresce consideravelmente devido ao presumível excesso de trabalho no campo.
Dados facultados pela fonte indicam que o distrito matriculou no presente ano lectivo um total de 29.099 alunos no ensino básico, dos quais 1.295 são considerados desistentes das aulas no final do segundo trimestre.
No ensino secundário do primeiro e segundo níveis, que contava com um efectivo de 1.924 alunos, o cenário é também preocupante, pois, 70 alunos desistiram segundo contagem do período em análise.
No entanto, o sector de educação, que vai envolver todas as lideranças tradicionais no combate ao desperdício escolar ao nível das respectivas comunidades, decidiu concentrar as suas atenções no professor, cujas ausências sistemáticas dos docentes às aulas tem concorrido para o abandono por parte dos alunos.
Vamos lançar equipas de supervisão para trabalhar com os 530 docentes das 78 escolas, entre primárias e secundárias existentes, com a finalidade de controlar a assiduidade dos docentes, cujo relaxamento tem influenciado as desistências -referiu Celestino Pirai.
O pagamento de salários aos docentes já é feito por via da banca e como no distrito de Muecate não existe nenhum balcão, senão na vila de Namialo que se situa relativamente mais próximo.
Contudo, a maioria prefere, para o efeito, deslocarse à cidade de Nampula, onde acaba por permanecer cerca de uma semana, período considerado excessivo na óptica da nossa fonte na medida em que os alunos ficam privados de aulas e é aproveitado pelos pais e/ou encarregados de educação para levá-los à colheita da produção agrícola.