“A morte é muito provavelmente a melhor invenção da vida”, afirmou Steve Jobs, em 2005, frente a uma plateia de estudantes da Universidade de Stanford, nos EUA. “Lembrar-me de que todos estaremos mortos em breve é a ferramenta mais importante que encontrei para me ajudar a fazer as grandes escolhas na vida”.
O co-fundador e ex-CEO da Apple Steve Jobs, considerado um dos maiores CEOs norte-americanos da sua geração, morreu esta quarta-feira aos 56 anos, após uma longa e pública batalha contra o cancro e outros problemas de saúde.
A morte de Jobs foi anunciada pela Apple num comunicado na noite desta quarta-feira. Ele tinha uma forma rara de cancro no pâncreas.
Steven Paul Jobs nasceu a 24 de Fevereiro de 1955, em São Francisco, na Califórnia. Tanto o pai (um sírio a estudar ciência política) como a mãe (uma universitária americana) acharam que eram muito novos para o criar. Foi adoptado por um casal de classe média que morava em Mountain View, também na Califórnia – a zona que anos mais tarde viria a ser Silicon Valley, a meca da tecnologia a nível mundial.
Quando andava no liceu, em Cupertino (onde hoje é a sede da Apple), frequentava conferências nocturnas na Hewllet-Packard e chegou a trabalhar lá durante um Verão. Foi onde conheceu o funcionário da HP Steve Wozniak, um geek com talento para montar placas de circuitos e com quem viria a fundar a Apple.
Jobs entrou para a Universidade de Reed, mas só esteve inscrito um semestre. O curso era demasiado caro para a bolsa dos pais. E Jobs “não tinha ideia do que fazer com a vida”, lembrou no discurso em Stanford. Apesar de ter desistido do curso, continuou pelo campus. Dormia no chão no quarto de amigos e recolhia garrafas de cola para receber o dinheiro do depósito e comprar comida. Uma vez por semana, tinha “uma refeição decente” num templo hindu. E resolveu frequentar aulas de caligrafia, porque achava que os cartazes da faculdade (feitos à mão) eram bonitos.
Nestas aulas, aprendeu princípios estéticos que marcaram não só a história dos produtos da Apple, mas também de todos os computadores pessoais. O executivo, que deu ao mundo o iPod e o iPhone, renunciou como CEO da maior empresa de tecnologia do mundo em agosto, entregando o cargo ao chefe-executivo Tim Cook. “Sempre disse que no dia em que não conseguisse cumprir com os meus deveres e responder às expectativas como CEO da Apple, seria o primeiro a dar-vos conhecimento disso. Infelizmente esse dia chegou”, escreveu na carta de demissão, dirigida ao conselho de administração e à “comunidade Apple”.
Contrariamente a muitos gestores de topo, Steve Jobs tem uma legião de fãs, o que o aproxima mais de uma estrela musical do que de um homem de negócios. A seguir à demissão, surgiram em catadupa mensagens na Internet com desejos de melhoras e declarações de admiração, mesmo da parte de alguns críticos.
Nos últimos anos, quando subia a um palco para apresentar um produto, era sempre recebido com uma ovação. Fê-lo pela última vez em Junho deste ano.
“O brilho, a paixão e a energia de Steve foram a fonte de inovações incontáveis que enriqueceram e melhoraram todas as nossas vidas. O mundo é imensamente melhor por causa de Steve”, disse a Apple no comunicado.