A conferência da CITES decidiu esta segunda-feira manter sua estrita proibição ao comércio do marfim dos elefantes, vítimas da caça clandestina, negando as solicitações da Tanzânia e da Zâmbia de que reduzisse as regras regidas sobre as populações dos animais.
Segundo Kenia, líder de uma coalizão de 23 países africanos que se opõem à revogação da decisão, o melhor é “não falar mais dos elefantes na CITES até 2018″, dado que uma moratória, que entrou em vigor desde 2008, proíbe a venda de marfim durante nove anos”. Nesta segunda-feira, uma semana depois da Tanzânia, a Zâmbia também recebeu uma resposta negativa quanto à modificação da classificação de sua população de elefantes, feita pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES).
Entretanto, os dois países africanos poderão tentar reiniciar as discussões durante as sessões plenárias, na quarta e sexta-feira. A Tanzânia (100.600 elefantes) e a Zâmbia (27.000) pedem à CITES o direito de vender 80,6 toneladas e 21,7 toneladas de marfim “legal, respectivamente, procedentes da morte regular ou da mortalidade natural dos animais. Também solicitam a retirada de seus elefantes da classificação, alegando o “bom estado” de suas populações.
Desde 1989, todos os elefantes da África estão inscritos no Anexo I da CITES, que proíbe as exportações, com exceção de quatro países do Anexo II (comércio sob controle), África do Sul, Zimbábue, Botsuana e Namíbia. Segundo a Tanzânia, a venda de 80,6 toneladas de marfim resultaria no lucro de 20 milhões de dólares, uma soma que seria utilzada para lutar pela defesa dos elefantes. “Isso representa quatro anos de nosso orçamento de proteção”, afirmou o representante do ministério de Recursos Naturais, Stanslaus Komba, que lamentou que um país como o seu, “sentado sobre um tesouro”, precise se abster da utilização de seus recursos naturais.
Entretanto, a conferência – e sobretudo os países africanos – temiam enviar “um sinal equivocado aos caçadores ao reduzir o nível de proteção ou autorizando uma venda”. Para muitos observadores, o comércio internacional é o principal motor do tráfico. “A partir do momento em que existe um mercado, a caça ilegal é alimentada”, explicou Céline Sissler-Bienvenu, do Fundo Mundial de Proteção dos Animais (IFAW), preocupada pelo aumento do tráfico de marfim. Foram confiscadas 6,2 toneladas no Vietnã em março de 2009 e 3,3 nas Filipinas no mês seguinte. “As grandes apreensões de marfim são cada vez mais frequentes e também cada vez mais importantes”, destacou Tom Milliken, da ONG Traffic.