O cineasta iraniano Jafar Panahi foi detido em Teerão porque preparava um filme sobre as manifestações pós-eleitorais no Irão, uma iniciativa considerada “hostil ao regime”, informaram fontes da oposição. Premiado em vários festivais internacionais, Panahi, que apoia abertamente os questionamentos à reeleição do presidente Mahmud Admadinejad, foi preso na segunda-feira dentro de casa, em Teerão, ao lado da esposa, da filha e de 15 convidados, afirmou o filho do diretor, Panah.
“Panahi preparava com uma equipe dentro de casa um filme não autorizado sobre os incidentes pós-eleitorais quando foi detido”, afirma o site da oposição Rehesabz.net. Já o portal de notícias conservador Tabnak destaca que o “cineasta estava produzindo um filme hostil ao regime, com colaboradores, mas que a vigilância dos serviços secretos permitiu descobrir a iniciativa e ele foi detido”. Segundo o Tabnak, Jafar Panahi pretendia “exibir o filme no exterior”.
O procurador-geral de Teerã, Abas Khafari Dolatabadi, afirmou na terça-feira que o cineasta não foi detido por ser um artista ou por razões políticas. “Ele foi preso por ordem de um juiz por ter cometido um crime”, afirmou, sem revelar no entanto o “delito” atribuído ao diretor. Panahi estava proibido de sair do Irã desde que apoiou publicamente a oposição.
Jafar Panahi, 49 anos, antigo assistente de Abas Kiarostami, é um dos cineastas iranianos mais conhecidos no exterior. Ele recebeu o Leão de Ouro em Veneza no ano de 2000 por “O Círculo” e o Urso de Prata de Diretor em Berlim no ano de 2006 por “Fora do Jogo”. Também recebeu dois prêmios em Cannes: a Câmara de Ouro em 1995 por “O Balão Branco” e o Prêmio do Júri da Mostra ‘Um Certo Olhar’, em 2000, por “Crimson Gold”.