Cinco funcionários da seção belga da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram sequestrados em Darfur, região oeste do Sudão devastada por uma guerra civil, e dois foram libertados em seguida.
“Confirmo o sequestro de três funcionários estrangeiros e dois empregados locais”, afirmou à AFP uma fonte da organização não governamental (ONG) que pediu anonimato.
“Foram sequestrados ontem (quarta-feira) em Darfur norte. É algo muito sério”, declarou à AFP outra fonte ligada ao caso, antes de afirmar que a identidade dos sequestradores é desconhecida.
A ONG anunciou mais tarde que os dois colaboradores sudaneses sequestrados foram libertados e confirmou que os voluntários estrangeiros raptados são uma enfermeira canadense, um médico italiano e um diretor francês.
De acordo com o governo sudanês, os três estrangeiros estão vivos e Cartum trabalha para a libertação de todos. “Eles falaram com seus colegas por telefone. Estão bem”, declarou Hasabo Mohamed Abdel Rahman, diretor da comissão sudanesa de assuntos humanitários. “As autoridades trabalham para a libertação o mais rápido possível dos três voluntários”, completou, antes de afirmar que “este tipo de incidente pode acontecer em qualquer lugar de Darfur” e que Cartum repudia tais atos.
“Um grupo de homens armados entrou na quarta-feira às 20H00 no escritório da MSF-Bélgica em Saraf Umra”, declarou mais cedo à AFP Kamal Saiki, porta-voz da força de manutenção de paz ONU-União Africana em Darfur (MINUAD), a respeito da localidade que fica 200 km ao oeste de El-Facher, a capital de Darfur Norte.
“Esta é a primeira vez, segundo meus conhecimentos, que empregados de organizações humanitárias internacionais são sequestrados em Darfur”, completou.
Em Bruxelas, o ministério das Relações Exteriores já confirmara que colaboradores da seção belga da MSF haviam sido sequestrados em Darfur, mas que nenhum cidadão do país estava entre eles.
A seções francesa e holandesa da MSF foram expulsas de Darfur semana passada pelas autoridades sudanesas, depois que a Corte Penal Internacional (CPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por crimes de guerra e contra a humanidade.
As seções da Bélgica, Suíça e Espanha não haviam sido expulsas. A guerra civil em Darfur provocou 300.000 mortes desde 2003, segundo a ONU, mas apenas 10.000 para Cartum, além de 2,7 milhões de deslocados.