Quase cinco anos atrás, a 20 de junho de 2006, Dirk Nowitzki entrou em quadra, fez 29 pontos, apanhou 15 ressaltos… e voltou para casa com a maior decepção da sua carreira. Naquele dia, dentro de casa, ele perdia o título da NBA para os Miami Heat. Meia década passou, e na noite deste domingo o alemão teve a chance de saborear o prato frio da vingança.
Pressionado, não acertou quase nada no primeiro tempo e foi para o vestiário sob desconfiança. Mas voltou a liderar os seus companheiros, certo de que não podia desperdiçar outra oportunidade. No ginásio dos Heat, os Dallas Mavericks vingaram-se e venceram por 105 a 95, fechando a série final em 4 a 2 e, pela primeira vez conquistaram o título da NBA.
Com apenas três pontos no primeiro tempo, Nowitzki adicionou outros 18 no segundo, incluindo cestos importantes na reta final. Ainda pegou 11 ressaltos na noite em que realizou o sonho da vida. Eleito o melhor jogador das finais, deixou a quadra surpreendentemente quieto assim que a última sirene tocou, sem esboçar sequer um sorriso.
O melhor marcador dos Mavs na partida foi o reserva Jason Terry, com 27 pontos. O outro Jason da equipa, Kidd, enfim conquista um título após 17 anos de carreira, com dois vices à frente do New Jersey Nets. No jogo 6, ele colaborou com nove pontos e oito assistências. O portorriquenho Jose Juan Barea adicionou 15 pontos e cinco passes, enquanto Shawn Marion fez 12 pontos e Tyson Chandler apanhou oito ressaltos.
Pelo lado do Miami, foi uma derrota dolorosa para LeBron James. Criticado por desaparecer no quarto período das partidas decisivas, o ala mais uma vez foi mal na reta final. Terminou o jogo com 21 pontos, cometeu seis desperdícios e não chamou a responsabilidade na parte final. Chris Bosh fez 19 pontos, Mario Chalmers registrou 18, e Dwyane Wade também teve noite abaixo do esperado com 17 pontos.
No início, LeBron até entrou bem na quadra, na primeira tentativa, converteu um cesto de três. Acertou também os três arremessos seguintes e obrigou o técnico dos Heat a pedir tempo. O ginásio fervia. Dali em diante, o quarto inicial entrou na montanha-russa.
Os Dallas passaram para à frente do marcador e os Miami fizeram uma sequência de 13 a 1; Nowitzki fez a sua segunda falta e foi para o banco; mas os Mavs responderam com sua própria sequência de 21 a 4. Ao fim dos primeiros 12 minutos, 32 a 27 para os visitantes.
Veio o segundo quarto, e DeShawn Stevenson calibrou a pontaria. O reserva dos Dallas acertou dois cestos seguidos de três para abrir 12 de vantagem. Aí a montanha-russa entrou em quadra novamente, com os Miami fazendo 14 pontos seguidos para virar o placar. Foi quando o técnico Rick Carlisle pediu tempo. Quando voltava para o banco, Stevensou deu uma trombada em Udonis Haslem. Mario Chalmers, armador dos Heat, foi reclamar, trocou empurrões com Stevensou, e gerou-se confusão na quadra.
Àquela altura, com o título em jogo, os nervos pareciam descontrolados. Nowitzki não acertava nada e terminou o primeiro tempo com 1/12 nos arremessos. Se os Dallas lideravam, era pelas mãos de Terry, autor de 19 pontos na metade inicial. LeBron tinha 11, Wade tinha nove, mas não era o bastante para evitar a vantagem apertada da equipa de azul: 53 a 51.
Na segunda tempo, e o alemão acordou. Acertou dois cestos seguidos e, com dois minutos no terceiro período, já tinha feito mais do que em todo o primeiro tempo. O placar ficou equilibrado durante todo o quarto, com as duas equipes a cometerem erros infantis e, ao mesmo tempo, acertando bolas difíceis. Em cima do final do período, um personagem improvável: Ian Mahinmi, que só ganhou minutos de quadra por causa da lesão de Brendan Haywood, acertou a mão e os Dallas foram para o último quarto vencendo por 81 a 72.
A vitória era a única saída para os Miami, e a pressão mexia com a cabeça dos jogadores. LeBron arremessou e a bola nem tocou no aro. Wade até chutou a bola no próprio pé. A defesa abriu a porteira para a infiltração de Barea. Os ressaltos ofensivos eram dos Mavs. LeBron recusava-se a decidir no ataque. E assim o Dallas administrava a vantagem na casa dos dez pontos.
No último minuto, os adeptos dos Heat já abandonavam o ginásio. Nowitzki fez uma bandeja a 30 segundos do fim e aí a vitória começou a parecer uma realidade. O alemão ergueu o punho, levou as mãos à cabeça. Faltava pouco para o sonho do título. E o tempo passou rápido. Com a sirene final, o ginásio calou-se. Nowitzki sequer festejou na quadra. Enquanto seus companheiros abraçavam-se na quadra, ele andou direto para o vestiário, cara fechada. E foi comemorar longe das câmeras, à sua maneira.