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Cientistas exigem manutenção do alerta para conter possível avanço do ébola

Apesar de a expansão do ébola ter se estabilizado e o trabalho dos pesquisadores comece a dar resultados, cientistas alertam que as autoridades não podem baixar a guarda frente a um possível avanço do vírus, disseram semana passada os principais responsáveis da luta contra a doença na França.

“É preciso enfrentar o estado actual da doença, mas, sobretudo, devemos nos preparar para futuras epidemias, porque elas surgirão”, alertou em entrevista coletiva o diretor-geral do Instituto Pasteur, Christian Bréchot.

A instituição, que organizou um simpósio internacional sobre o ébola, realizou dois projecto de desenvolvimento de vacinas contra a doença em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A primeira é de carácter preventivo, baseada em uma fórmula já existente contra o sarampo. A outra tem função terapêutica e, portanto, poderia ser aplicada em pacientes já expostos ao vírus.

Para o presidente do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França (Inserm), Yves Lévy, a mobilização feita até agora foi correta, mas a coordenação da comunidade científica internacional conduzir o desenvolvimento de uma vacina estável.

Lévy defende que é necessário saber como o vírus circula entre humanos e animais, além das consequências experimentadas por sobreviventes da doença, cuja taxa de mortalidade pode chegar a 90%.

“Devemos iniciar um sistema que localize os futuros vírus e garanta uma detecção precoce”, afirmou o pesquisador do Instituto Pasteur e presidente da London School of Hygiene, Peter Piot, acrescentando que a epidemia evidenciou o fracasso da OMS, que sempre reagiu “tarde demais” nesse tipo de caso.

No entanto, o cientista celebrou o fato de que o trabalho de pesquisa tenha se iniciado em plena expansão da doença e não depois.

“Falta muito trabalho e não deveríamos desperdiçar a oportunidade de conhecer melhor a doença”, defendeu Piot, alertando sobre a possibilidade de novos avanços do vírus.

De acordo com dados divulgados no dia 17 de maio pela OMS, subiu para 11.135 o número de vítimas fatais pela epidemia de ébola na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, o surto mais mortal até o momento. O Instituto Pasteur, que compreende 33 institutos em 26 países, coordena 10 centros de pesquisa na África, uma posição de privilégio que, na opinião de Bréchot, obriga o órgão a assumir um “papel fundamental” na formação da comunidade científica africana.

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