Um homem identificado pelo nome de William George Weir, de 55 anos de idade, fez-se ao volante de uma viatura com a matrícula ACS 808 MP, pertencente à companhia a que está afecto, no município da Matola, seguiu viagem pela Estrada Nacional número 4 (EN4), pisou continuamente no acelerador – talvez com o intuito de chegar mais rápido ao seu destino – enquanto falava ao telefone. Chegado ao bairro de Malhampsene, ele atropelou um cidadão que responde pelo nome de Atanásio Paulo Matsinhe, de 36 anos de idade, que não morreu por um golpe de sorte, em consequência da falta assistência por parte do referido motorista.
Os factos aconteceram a 25 de Agosto último, por volta das 17h00. Atanásio Matsinhe contou-nos que ao atravessar a EN4 foi, de repente, colhido violentamente pelo carro em alusão, que era conduzido a uma velocidade excessiva. A vítima permaneceu minutos a fio estatelada no asfalto sem assistência, enquanto o protagonista da desgraça tratava, indiferentemente, de assuntos particulares ao telefone.
A sua insensibilidade perante o sofrimento do cidadão que se contorcia de dores, parecia que tinha atropelado um cão, segundo os mirones que se fizeram ao local. Estes ficaram boquiabertos devido à tamanha crueldade do automobilista. Consta que William Weir é de origem sul-africana e é motorista da empresa Libombo Project, sedeada na Matola. Depois do sinistro, de acordo com testemunhas, ele permaneceu no interior do veículo no qual viajava. Foi necessária a intervenção das pessoas que estavam na sua companhia para que fizesse alguma coisa com vista a socorrer Atanásio Matsinhe.
Apesar da pressão a que estava sujeito, de maneira que tomasse uma atitude humana, o visado fez-se de rogado. Contudo, mais tarde suspendeu o telefonema e levou a vítima para a “Polly Clinic”, algures naquele ponto da província da Maputo, onde o abandonou sem nenhuma ajuda.
Atanásio Matsinhe, pai de dois filhos totalmente dependentes dele, é ajudante de construção civil e depende de pequenos serviços remunerados para sobreviver. Volvido um dia de internamento, ele recebeu a notícia de que o tratamento seria suspendido em virtude de William Weir e a empresa na qual trabalha não terem desembolsado fundos correspondentes aos encargos médicos do dia anterior, no valor de 21.800 meticais.
Para impedir que Atanásio fosse deixado à sua sorte, a Polícia do Comando Provincial da Matola interveio e sensibilizou os gestores daquela clínica privada a continuarem com o tratamento, com a promessa de que ia tomar diligências no sentido de William e a sua firma se responsabilizarem pelas despesas da terapia. Visivelmente agastado com a situação, Atanásio disse ao @Verdade que condena a atitude do protagonista do acidente, sobretudo pelo facto de não efectuar visitas com vista a saber como é que está a evoluir a sua saúde.
Esta situação, na óptica do enfermo, revela uma gritante falta de responsabilidade. Segundo Elónio Matsinhe, irmão do paciente, devido à intervenção das autoridades policiais, a Libombo Project pagou o valor corresponde a três dias em que Atanásio permaneceu internado e no fim da tarde do dia 27 de Agosto a firma pediu para que o doente fosse transferido para o Hospital Central de Maputo (HCM), onde continua com os tratamentos.
Deste modo, a companhia pretendia eximir-se da responsabilidade de continuar a assegurar a terapia de Atanásio; por isso, o nosso interlocutor considerou que se não tivesse havido intervenção dos agentes da Lei e Ordem o seu familiar estaria a esmorecer naquela clínica, cujos custos de internamento são bastante exorbitantes para a família Matsinhe.
Na maior unidade sanitária de Moçambique, o doente continua desamparado por quem tem a obrigação de cuidar dele. A respeito deste problema, a Libombo Project, por intermédio de um funcionário que se identificou pelo nome de Eduardo Francisco Sitoe, director financeiro, alegou que os encargos da terapia são da responsabilidade de uma seguradora a que está inscrita. Um dos médicos que cuidam de Atanásio explicou ao @Verdade que ele quebrou a bacia; por isso, a sua recuperação está a ser um pouco difícil mas após a cirurgia o seu quadro clínico tende a registar melhorias.
Paulo Matsinhe, pai da vítima, receia que o seu filho não volte a andar mas os terapeutas garantem que nada disso vai acontecer. Elisa Alberto Macuácua, consorte de Atanásio, é desempregada e depende inteiramente do marido para cuidar dos seus dois filhos, dos quais um de seis anos de idade, a frequentar a 1ª classe, e outro de quatro anos de idade. Ela exige que se faça justiça e o seu esposo seja ressarcido em virtude dos danos causados devido ao acidente de viação.
De acordo com a nossa entrevistada, o facto de William e a sua firma não prestarem nenhuma assistência médica e não visitarem o enfermo é uma clara falta de responsabilidade. “Por falta de condições, desde que ele (o doente) foi internado nunca levámos uma refeição para o hospital.” “A empresa não se pronuncia em relação a este caso e se por a caso as previsões dos médicos falharem e o meu filho não voltar a andar não teremos condições para comprar uma cadeira de rodas de modo a facilitar a sua movimentação”, queixou-se o progenitor de Atanásio.