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Chongoene volta à sua pacatez após susto da 3ª vaga da covid-19

chongoene-vacinação

Ainda a recuperar da 3ª vaga da pandemia respiratória, que infectou quase duas centenas de indivíduos, decorre a 3º fase de vacinação contra a covid-19 que no Distrito de Chongoene, na Província de Gaza. “Não podemos pensar que o pior já passou. O susto que apanhamos foi uma grande lição”, desabafou Antonieta Mandlate, uma das muitas mães que lutam por ver seus filhos na escola protegidos contra o novo coronavírus.

Na 1ª fase foram vacinadas 276 pessoas na primeira dose, e 255 na segunda. Na 2ª fase foram imunizados 7.649 indivíduos na primeira dose, e 7.410, na segunda, o que, em termos percentuais, tendo em conta o número de habitantes, é animador. Agora espera-se abarcar aproximadamente 4 mil pessoas que tenham mais de 50 anos de idade.

Célia Castro referiu porém que, o ligeiro abaixamento dos números, na primeira e segunda doses, das primeira e segunda fases, não significa que haja aqueles que não voltaram para completar o tratamento. O que aconteceu é alguns foram vacinados com a dose única.

Chongoene é uma pequena vila que fica muito perto da Estrada Nacional Número Um. A primeira vista pode-se pensar que nada acontece por aqui, devido ao pouco movimento que se regista. Mas na verdade acontece pouca coisa. Não existe por perto uma pensão, ou outro estabelecimento vocacionado a hospedagem. Ou seja, se você quiser acomodar-se com alguma razoabilidade, tem que ir à Xai-Xai. O que, logo a partida, somos levados a concluir que haverá dificuldades para o desenvolvimento do turismo, aliás uma área profundamente afectada pela pandemia da Covid-19.

Quem quiser falar de turismo, neste lugar, tem que recorrer ao histórico Hotel Chongoene, como ponto de referência, hoje desactivado. Segundo Dora Gueba, responsável pela área, na Direcção Distrital de Infraestruturas, há muito que a praia de Chongoene deixou de ser atractiva. Mesmo o Betel – outra instância hoteleira localizada na praia – não funciona. “De vez em quando, acolhe seminários. Fora isso, permanece fechado”.

No fundo, a vila de Chongoene está um pouco a margem do roteiro turístico nacional, e a Covid-19 só veio agravar uma situação que já era desoladora. É deste modo que não se pode falar dos prejuízos que eventualmente tenham sido causados, nem das perspectivas, neste momento em que a situação parece estar a restaurar a vida da vila, que afinal se resume em pouco.

Chongoene é um ponto geográfico que parece estar resumido na bifurcação da Estrada Nacional Número Um, no cruzamento que nos leva à Chibuto, à Oeste. É aqui onde há espaço para as pessoas correrem, atrás da vida. Mesmo assim, sem se esquecerem da precaução. Foi neste posto feito mercado informal, onde encontramos Salmina Mazivila, vendedeira de fruta, correndo de sol a sol, e ao fim do dia, como ela própria nos disse, olha para as mãos e conclui que estão vazias.

Salmina vive com uma irmã que já teve uma amarga experiência. Foi infectada pelo virus da Covid-19 em Novembro de 2020, mas felizmente a situação acabou sendo controlada. “A minha irmã foi testada aqui no Centro de Saúde de Chongoene, numa circunstância em que tinha febres altas e tosse. Foi diagnosticada positiva, e teve que ser internada na enfermaria transitória. Graças a Deus não foi necessário levá-la a Xai-Xai. Melhorou e voltou para casa”.

Mesmo em casa, A irmã de Salmina continuou a manifestar os sintomas da doença. A tosse continuava. As febres também. “Mas como tínhamos comprimidos, fomos medicando e recorremos também aos bafos com plantas medicinais”.

A nossa interlocutora, embora não tenha sido contaminada, tem a consciência do perigo que representa a covid-19. “Ando sempre com máscara, onde há muita gente. Agora fala-se de uma quarta vaga, isso significa que precisamos de continuar com os cuidados. Não podemos pensar que o perido já passou”. Aliás, é por isso que as próprias estruturas da Saúde continuam em estado de alerta.

A técnica Célia Castro referiu que não há relaxamento no trabalho. “Estamos atentos a todas as informações. Sabe-se que este virus é imprevisível, por isso não podemos “baixar a guarda”. Continuamos a fazer vigilância e a fazer chegar às populações a necessidade permanente de eles seguirem todas as recomendações da Saúde”.

“O susto que apanhamos foi uma grande lição”

E porque a vida é forjada tendo como base a Educação, então os cuidados de prevenção serão ainda maiores, no sector, particularmente nas escolas. É isso que nos disse Antonieta Armando Mandlate, técnica de planificação na Direcção Distrital de Educação de Chongoene. O seu pensamento em relação a covid-19, pode representar, de certa forma, o pensamento de todas as mães, que lutam por ver seus filhos na escola. Protegidos contra a pandemia.

Para ela, “não podemos pensar que o pior já passou. O susto que apanhamos foi uma grande lição. Morreu muita gente, embora aqui em Chongoene não tenha sido dramático. Mas sentimos esse choque. Ninguém gostaria de ver novamente uma situação trágica como a que vivemos, e que ainda não terminou. Mesmo assim aprendemos uma grande lição”.

Pelo sim, pelo não, Antonieta é optimista quanto ao futuro. “Já tivemos muitos abalos na vida. A Covid-19 não constitui o pior momento da nossa existência. Sobrevivemos à guerra fratricida dos 16 anos. Sobrevivemos a fome de 1983. Sobrevivemos a seca. Também sobrevivemos a três fases da pandemia. Eu não sei se ainda há mais alguma coisa que nos possa meter medo”.

O Distrito de Chongoene tem 79 escolas: 25 do 1º grau, 43 do 2º grau, três (39 secundárias do primeiro ciclo, seis (6) secundárias do 2º ciclo, um (1) instituto de formação profissional, e uma (1) escola privada do 2º grau. Todas em pleno funcionamento, após a interrupção pelos efeitos da covid-19.

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