O ministro das Relações Exteriores israelita, o ultra-nacionalista Avigdor Lieberman, prometeu nesta segunda-feira renunciar ao cargo se for indiciado por corrupção pela Procuradoria-geral.
“O importante será a decisão do Procurador-geral. Se ele decidir me indiciar depois de ouvir meu depoimento, renunciarei e, durante os meses seguintes, abandonarei minhas funções de deputado”, afirmou. O jornal Jerusalem Post afirmou que um indiciamento terá pouco impacto nas relações exteriors de Israel e nos esforços para conseguir a paz no Oriente Médio devido ao limitado papel diplomático do chanceler até o momento. A polícia israelita recomendou no domingo a abertura de um processo contra o Lieberman por corrupção e lavagem de dinheiro. A recomendação será oficialmente apresentada nos próximos dias ao procurador geral, Menahem Mazuz, que decidirá se cabe a abertura de um processo contra Lieberman. No entanto, Lieberman está seguro de que isso não ocorrerá.
“Estou convencido de que, dentro de um ano ou dois continuarei sendo ministro das Relações Exteriores”, afirmou. Se condenado, o ministro será obrigado a renunciar. Objecto de uma investigação policial há dez anos, Lieberman, líder do partido ultra-nacionalista Israel Beiteinou, foi interrogado diversas vezes pela polícia. Segundo a imprensa israelita, Lieberman teriam recebido “importantes somas de dinheiro do estrangeiro” para financiar suas campanhas eleitorais. Estes fundos teriam transitado através de empresas fantasma e diferentes contas bancárias. Lieberman, de 51 anos, foi nomeado chefe da diplomacia israelita após os bons resultados obtidos por seu partido nas eleições legislativas de Fevereiro, que o promoveram a terceira força política de Israel com 15 dos 120 deputados da Knesset. Desde sua posse, em Abril, Lieberman já foi interrogado cinco vezes. No dia 14 de Julho, a polícia indicou que a investigação sobre a lavagem de dinheiro na qual o chanceler estaria envolvido estava perto do fim. No mesmo dia, a rede pública de televisão israelita informou que a polícia já havia apresentado a Mazuz “uma série de elementos comprometedores, que tornam possível abrir um processo por lavagem de dinheiro e obstrução da justiça contra Lieberman e sua filha Michal, além de duas outras pessoas”.
De acordo com a imprensa local, a filha de Lieberman possui contas bancárias em seu nome no Chipre, através das quais, suspeita-se, seu pai teria realizado actividades fraudulentas. Oriundo da ex-URSS, Lieberman forjou para si uma fama de “homem forte” disposto a expulsar os árabes israelitas que não reconhecem a existência do Estado judaico. Desde sua entrada no governo, Lieberman provocou reacções polémicas em Israel e no mundo ao adoptar posições duras sobre palestinos e sírios.