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Centro Terra Viva duvida dos ganhos sociais que a Mozal traz ao país

Como que a reacender o debate em torno dos ganhos da presença da Mozal em Moçambique, o Centro Terra Viva pronuncia-se com algumas reticências numa avaliação sobre a relevância da instalação de mega-projectos em Moçambique.

Segundo a directora-geral do centro Terra Viva, Alda Salomão, o grande desafio do momento é perceber até que ponto a Mozal partilha os seus dividendos com o país na base do que tem vindo a ganhar no exercício da sua actividade.

“Se a iniciativa de construir escolas ou hospitais é de responsabilidade social gostaríamos de ter uma percepção exacta dos reais ganhos que a Mozal traz ao país para uma análise cuidadosa. Mozal devia divulgar esses dados para aferirmos quanto é que realmente fica para o país”, rematou.

“A nossa grande dor de cabeça neste momento é perceber o que é que, do ponto de vista de lucros, a Mozal ganha e em que é que está a ser investido. Queremos ter bem claro como é que vamos conduzir o desenvolvimento do país. Serão os mega-projectos uma opção válida?”, questionou Alda Salomão.

Prosseguindo, referiu que o Centro Terra Viva olha com grande apreensão para os mega-projectos que pela sua natureza marginalizam os pobres, ao mesmo tempo que os ambientalistas pretendem saber como lidar com o impacto social e ambiental das pessoas que vivem nas zonas onde os projectos foram implantados.

Segundo a activista, um outro grande questionamento tem a ver com o facto de a Mozal desdobrar-se em fomentar projectos de responsabilidade social sobre os quais persistem algumas dúvidas na relação custo/benefício.

Num aparente tom de contestação com relação à alegada emissão de gases poluentes por parte da Mozal e a anunciada colocação de filtros naquela unidade industrial, Alda Salomão foi mais longe afirmando que as preocupações de fórum ambiental persistem no caso da Mozal, sendo de questionar porque é que uma fábrica de alumínio contestada em várias partes do Mundo não vai criar problemas em Moçambique, a pretexto do uso da tecnologia de ponta.

“Ninguém vai nos convencer deste facto. Há preocupações de ordem ambiental que nos inquietam”, disse Salomão para quem tem de haver muita clareza nas opções das estratégias de viabilidade ou não de fabricas como a Mozal, no que respeita à obtenção de resultados enquadrados nos esforços para o combate à pobreza.

Questionou de que forma é que estão a ser respeitados os direitos ambientais das pessoas que residem nas cercanias da empresa, afirmando que Moçambique deve apostar politicas públicas adequadas.

Para a entrevistada, revela-se importante sugerir um equilíbrio e uma ponderação cuidadosas sobre a viabilidade destes projectos no país, sob o risco de um retrocesso no combate à pobreza.

No sentido de recolher subsídios para questões como a dos mega-projectos, Alda Salomão defendeu ainda a necessidade de uma participação activa da sociedade civil na monitoria dos mesmos, apoiando o Estado na adopção de politicas públicas que beneficiam os cidadãos.

O Centro Terra Viva foi criado em 1992 como um instrumento para a disseminação das questões ambientais. Esta organização tem ainda como missão proceder a advocacia de projectos do meio ambiente.

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