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Centro de Refugiados de Maratane é repulsivo

Centro de Refugiados de Maratane é repulsivo

Mais de 8.600 cidadãos de diferentes nacionalidades, que emigraram para Moçambique por vários motivos, dentre os quais a guerra e a violência religiosa e étnica, com o intuito de encontrar conforto, estão a passar por necessidades no Centro de Refugiados de Maratane, sito no distrito de Rapale, a 17 quilómetros da cidade de Nampula.

 

Os indivíduos, cujo grosso provém de países dos Grandes Lagos, queixam-se fundamentalmente da falta de alimentação, do não abastecimento regular de água, da deterioração das condições básicas de higiene, do consumo de energia eléctrica sem qualidade, da falta de uma escola secundária e técnica e da ausência de um mercado onde possam adquirir diversos produtos, incluindo roupa.

O descontentamento das pessoas que se encontram em Maratane tem igualmente a ver com a alegada criminalidade protagonizada por desconhecidos, porém, as vítimas suspeitam que alguns residentes do centro estejam envolvidos nesses actos indignos devido à fome, pois desde Maio passado a distribuição da cesta básica é inconstante. Uma cidadã, cujo nome omitimos propositadamente, assegurou-nos que foi vítima de roubos por cinco vezes pelos companheiros.

Enquanto uns se queixam da falta de quase tudo, incluindo utensílios domésticos e roupa, outros reclamam por causa do lixo que não é removido há meses e a água está a tornar-se, cada vez mais, um luxo. De acordo com os entrevistados, não há relatos de mortes devido à carência de alimentos porque ainda persiste o espírito de ajuda mútua no Centro de Refugiados de Maratane.

Naquelas instalações, o problema parece sério, uma vez que alguns refugiados já começaram a abandonar os seus abrigos à procura de melhores condições de vida em diversos pontos da província de Nampula, dos quais a cidade é o principal destino. Eles alegam que foram deixados à sua sorte por quem lhes devia proteger.

Localmente, circulam informações dando conta de que os cidadãos que vieram a Moçambique à busca de protecção ou bem-estar envolvem-se em delitos, tais como o tráfico de pedras preciosas, marfim e outros recursos naturais com vista a obter dinheiro para comprar diversos produtos básicos. Um das provas disso é o facto de que, recentemente, na cidade de Nampula, um cidadão de nacionalidade congolesa, por sinal residente no centro de Maratane, foi detido pela Polícia na posse de cinco pontas de marfim. O visado confessou que pretendia vender o produto para aliviar a pobreza que o apoquenta. A corporação suspeita de que o indivíduo em causa está ligado a uma rede de traficantes dessa substância que forma o dente do elefante.

Para além do cidadão a que nos referimos, sete pessoas de nacionalidades congolesa e etíope, também moradores no Centro de Refugiados de Maratane, foram presas pela Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula indiciadas de efectuar ligações clandestinas de energia eléctrica.

Entretanto, o @Verdade apurou ainda que um indivíduo de nacionalidade Burundesa, identificado pelo nome de Mammadou, foi surpreendido, há dias, no interior de uma residência a tentar saquear bens. O caso foi reportado ao posto policial do bairro de Muatala. Existem outras situações que concorrem para que se diga que o Centro de Refugiados de Maratane, o governo da província de Nampula e o Instituto Nacional de Apoio aos Refugiados (INAR) estão a perder o controlo das pessoas que estão no país à procura de refúgio.

Uma vida de devassidão

A nossa Reportagem apurou, também, que algumas raparigas que se encontram no Centro de Refugiados de Maratane se prostituem na cidade de Nampula como forma de ganhar dinheiro para alimentar as suas famílias.

Uma jovem congolesa, de 21 anos de idade, cujo nome não divulgamos por razões deontológicas , garantiu que abandonou o centro e passou a viver longe dos pais à procura de melhores condições de vida na urbe, onde quando chegou se juntou a um homem com a finalidade de construir um lar, porém, tal não aconteceu. Tentou pela segunda vez, mas separou-se novamente. Devido ao fracasso da terceira relação, a jovem recorreu à oferta de serviços sexuais para sobreviver.

A história da rapariga a que nos referimos é apenas um exemplo de várias outras mulheres de pouca idade naquele centro e que se prostituem, supostamente por causa das precárias condições de vida a que estão sujeitas.

A nossa Reportagem contactou a direcção do INAR em Nampula para ouvir a sua versão sobre as reclamações dos nossos interlocutores. Contudo, não foi possível alegadamente porque o delegado provincial, Manuel Uachave, se encontrava na capital do país, num seminário, há duas semanas. E fomos aconselhados a pedir autorização para o efeito junto do INAR, em Maputo, através de uma carta.

Refira-se que visitar o Centro de Refugiados de Maratane nunca foi fácil. A burocracia impede que os responsáveis daquele centro se pronunciem à Imprensa sem o aval de outras entidades, tais como a ACNUR.

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