O Governo moçambicano, a companhia moçambicana Insitec Investimentos e a multinacional brasileira Vale assinaram esta sexta feira, no distrito de Nacala-Porto, província de Nampula, norte do país, um protocolo de intenções, para a implementação do Projecto Nacala XXI, avaliado em cerca de 1,6 biliões de dólares.
O protocolo foi assinado pelo ministro moçambicano dos transportes e comunicações, Paulo Zucula, em representação do Governo, o presidente do Conselho de Administração da Insitec Investimentos, Celso Correia e o presidente da Vale, Roger Agnelli. Um dos objectivos deste projecto e’ escoar a produção do carvão de Moatize, devido ao congestionamento previsto na linha de Sena, quando os projectos em curso na província de Tete estiverem a operar em pleno, que as previsões apontam para dentro de três a quatro anos.
Após a conclusão do projecto, a linha férrea de Nacala terá uma capacidade para ecoar cerca de 20 milhões de toneladas de carga por ano e inclui um troço de aproximadamente 100 quilómetros em território malawiano. Falando durante a apresentação do projecto, o director geral da Insitec, Givá Rehamtula, explicou que este e’ um acordo de parceria para em conjunto desenvolver o Corredor de Nacala (CDN), e que também e’ o culminar de um processo negocial iniciado há mais de um ano entre as três entidades.
“O projecto Nacala XXI, e’ um conceito que pretendemos lançar com esta cerimónia e tem como objectivo integrar no sistema logístico entre Moçambique, Malawi e também a Zâmbia conseguindo canalizar as vantagens únicas do porto de Nacala através de um sistema ferroviário competitivo”, disse Rehamtula. Segundo Rehamtula, este projecto prevê uma série de investimentos avultados no porto e Nacala, na área ferroviária, equipamento, formação e gestão para que o CDN assuma o seu papel de alavanca no desenvolvimento de sectores estratégicos da economia nacional, nomeadamente os sectores agrícola e industrial.
“Prevemos que o projecto de implementação tenha cerca de quatro anos, podendo atingir uma fase de crescimento a partir de 2013 e 2014”. Actualmente, o CDN é uma das maiores infra-estruturas portuárias em termos de capacidade potencial, que também integra o sistema ferroviário do norte de Moçambique e a rede ferroviária do Malawi.
“Estas infra-estruturas estão concessionadas a seguintes empresas CDN e a Central East African Railways (CEAR). As três concessões definidas integram a concessão do porto de Nacala, atribuída a CDN, a concessão do sistema ferroviário do norte também atribuída a CDN e o sistema ferroviário do Malawi. Em conjunto estas infra-estruturas compreendem cerca de 1.200 empregos directos, movimentando uma carga de cerca de 250.000 toneladas na linha férrea, e 950.000 toneladas por ano no porto”, explicou.
O sistema logístico integrado, que se pretende construir com o Nacala XXI, disse Rehamtula, poderá servir três países, com uma extensão para a província central de Tete, de forma a complementar o Corredor da Beira no escoamento do potencial mineral desta região. Também inclui a construção de uma linha férrea numa extensão superior a pouco mais de 200 quilómetros, expansão do porto actual e construção de um terminal multiusuário no distrito de Nacala Velha, também localizado na província de Nampula.
Sobre o impacto social do projecto, Rehamtula disse que o Nacala XXI deverá estimular o desenvolvimento na sua área de influência, aumentando o Produto Interno Bruto (PIB) nacional, melhorando a balança comercial, gerando mais emprego sustentável, melhorando a mobilidade da população, reduzindo o custo do produto no consumidor, promovendo um tecido empresarial de suporte ao projecto.
Em suma, disse Rehamtula, “queremos melhorar a qualidade de vida por onde o comboio passar”. Participaram no evento o governador da província de Nampula, Felismino Tocoli, o ministro malawiano dos transportes, Khumbo Kachali, os embaixadores do Brasil e do Malawi, os administradores dos distritos de Nacala Porto e Nacala-a-Velha, entre outros convidados.