O processo consistirá numa investigação minuciosa para apurar a credibilidade e autenticidade das certidões dos imóveis apresentados pela Frelimo como prova no caso. O partido no poder reclama a titularidade de 15 imóveis onde funcionam as sedes dos bairros daquele município.
Entretanto, o edil da Beira acredita que os peritos trarão a verdade, pois os documentos que possui irão ajudar a esclarecer a matéria. João Cazonda, advogado do Concelho Municipal da Beira repisou que a sua dúvida sempre esteve relacionada com a identificação das infra-estruturas concretas arroladas pela Frelimo e não com os documentos em posse do tribunal. Por seu turno, Hermenegildo Jone escusou fazer comentários, ao passo que o mandatário judicial do partido Frelimo, Gilberto Correia, desvalorizou a necessidade de envolver especialistas no assunto.
Segundo Correia, no encontro, Davis Simango apenas exigiu explicações sobre uma única infra-estrutura abrangida no processo. “O edil fez saber que a certidão em sua posse indica que tal imóvel não era pertença da Frelimo”, sublinhou. Acredita-se que após a peritagem, o juiz da causa dará o desfecho do caso.
Um cenário negro
Nos últimos dias, enquanto se busca o consenso, as águas em que navegam o dia-a-dia da cidade da Beira revelam-se cada vez mais turvas com a população sempre agitada e envolvida em distúrbios, relativos à recusa do abandono das instalações onde funcionam as sedes, ora em disputa.
Em consequência disso, na última quarta-feira, o tribunal deu a mão à palmatória desistindo da entrega das 15 dentre as 17 sedes. Na terça-feira, pouco mais de trezentas pessoas, incluindo alguns funcionários, voltaram a impedir o cumprimento da decisão do Tribunal. Os munícipes amotinaram-se, nas referidas sedes, entoando canções cujo teor apelava para a defesa da justiça até a morte. “É de facto um cenário negro”, consideram alguns analistas.