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Caso de blasfémia no Paquistão leva à prisão de imã e aumenta tensões

Uma menina cristã que foi presa num controverso caso com base em uma lei paquistanesa antiblasfêmia pode estar perto de ser libertada, depois que a polícia prendeu neste domingo um clérigo muçulmano suspeito de criar provas para enquadrá-la na legislação. Ainda assim, a menina Rimsha Masih, cuja prisão no mês passado causou indignação entre grupos religiosos e seculares no mundo todo, pode correr perigo se ao deixar a prisão retornar para o vilarejo onde vive.

Alguns vizinhos muçulmanos insistem em que ela seja punida e dizem que o imã detido é uma vítima. De acordo com a lei paquistanesa antiblasfêmia, a mera alegação de causar ofensa ao Islã pode conduzir à pena de morte. As pessoas acusadas desse delito algumas vezes são mortas por populares mesmo depois que tribunais as consideram inocentes.

“Despejem gasolina e queimem esses cristãos”, disse Iqbal Bibi, de 74 anos, ao defender o imã na entrada da mesquita onde ele prega, no vilarejo pobre de Mehr Jaffer, onde vive a menina Rimsha. “O clérigo da mesquita foi oprimido. Ele não está errado. Ele é inocente.”, acrescentou.

Rimsha foi acusada por vizinhos muçulmanos de queimar textos religiosos islâmicos e por isso foi presa, mas neste domingo o oficial de polícia Munir Hussain Jafri disse que um clérigo foi detido depois de testemunhas terem informado que ele rasgou páginas do Alcorão e as colocou na bolsa de Rimsha ao lado de papéis queimados.

O imã Khalid Jadoon Chishti apareceu brevemente em um tribunal neste domingo antes de ser enviado à prisão preventiva por um período de 14 dias. Na segunda-feira haverá uma audiência sobre a libertação de Rimsha sob fiança.

O caso trouxe de novo à tona a lei antiblasfêmia, segundo a qual qualquer pessoa que falar mal do Islã e do profeta Maomé comete crime punível com a pena de morte. Ativistas e grupos de defesa dos direitos humanos dizem que a terminologia vaga da lei leva ao seu uso indevido e que a lei discrimina perigosamente os grupos minoritários do país.

Críticos das autoridades paquistanesas afirmam que elas estão preocupadas demais com uma reação extremista e, por isso, não se pronunciam contra a lei, em uma nação onde o conservadorismo religioso é cada vez mais dominante.

Em janeiro de 2011, o governador da província do Punjab, Salman Taseer, foi assassinado pelo próprio guarda-costas porque havia defendido a reforma da lei antiblasfêmia.

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