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Casal Kirchner derrotado nas eleições legislativas argentinas

A presidente Cristina Kirchner e seu marido, o deputado eleito e ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), casal que governa a Argentina, sofreram no domingo uma derrota inédita nas eleições legislativas nos cinco maiores distritos do país, o que acabou com a maioria do governo na Câmara dos Deputados e no Senado.

“Vamos aprofundar a institucionalidade, aprofundar a governabilidade”, declarou o ex-presidente ao admitir a derrota na madrugada desta segunda-feira. Os Kirchner perderam no domingo a maioria entre os deputados e os senadores, diante de uma avalanche de votos opositores para radicais social-democratas, liberais e peronistas dissidentes.

A Argentina, grande produtora de alimentos, sofreu nos últimos meses o duro impacto recessivo da crise internacional, mas os analistas consideram que a crise é eminentemente política. A popularidade dos Kirchner desabou após um confronto com agricultores, que conseguiram o apoio de grande parte da população com suas paralisações contra o aumento dos impostos às exportações. Néstor Kirchner pensou as eleições como um plebiscito ao modelo estatista e pró indústria que implantou ao lado da mulher desde 2003.

O líder do peronismo fez campanha com o argumento de era necessária uma cruzada em defesa do governo da esposa, mas foi derrotado por menos de dois pontos percentuais pelo magnata liberal Francisco de Narváez. O casal sofreu fortes retrocessos na capital e nas províncias de Buenos Aires, Santa Fe, Córdoba e Mendoza, apesar do partido de ambos ter sido o mais votado no conjunto do país.

“Esta noite viramos uma página na história”, afirmou aos simpatizantes Narváez, que organizou uma coalizão com os liberais de direita do prefeito da capital, Mauricio Macri. De Narváez, 55 anos, venceu no tradicional reduto peronista, onde foi travada a maior batalha eleitoral e que terminou na derrota mais dolora para os Kirchner. “Nos consolidamos como a principal força opositora”, declarou Ricardo Alfonsín, candidato a deputado da coalizão entre radicais socialdemocratas e liberais, e filho de Raúl Alfonsín, que foi o primeiro presidente da restauração democrática em 1983.

O governo ficou sem maioria no Senado, ao perder quatro cadeiras e ficar com 36 de 72 senadores. Na Câmara dos Deputados perdeu mais de 20 representantes e ficou com 100, de um total de 257. “Há uma mensagem da sociedade nas urnas, o rumo do governo deve mudar”, destaca o cientista político Rosendo Fraga, da consultoria Nueva Mayoría.

Com quase 28 milhões de eleitores, o país votou de forma normal em um dia frio de inverno, mas militares que faziam a segurança do pleito e milhares de cidadãos votaram de máscaras pelo temor de contágio da gripe suína, que nas últimas semanas provocou 26 mortes e infectou mais de 1.500 pessoas. Os candidatos dos Kirchner foram derrotados até mesmo na província natal do ex-presidente, Santa Cruz, o que aconteceu pela primeira vez desde o início de sua carreira política nos anos 80.

A oposição cresceu com o conflito agrário, mas continua dividida, enquanto o governo sai frágil das urnas e precisa de alianças para conservar a governabilidade, baseada em uma plataforma estatal e favorável à indústria, com negociações salariais livres e o repúdio às políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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