A Vale Moçambique acaba de assinar um contrato de concessão ferroviária com o Governo malawiano para a construção e operação de uma linha férrea na região sul daquele país vizinho, com vista a escoar o carvão mineral produzido em Moatize, província de Tete.
Segundo um comunicado daquela companhia, distribuído, Quarta-feira, à imprensa, o referido acordo foi rubricado pelo ministro dos Transportes e Infra-estruturas Públicas do Malawi, Sidik Mia, e o director de Operações da Vale Moçambique, Paulo Horta.
O acordo visa a construção e operação de um novo trecho “greenfield” no Malawi, como parte da infra-estrutura logística do Corredor de Nacala, que parte da região mineira de Moatize, em Tete, até Nacala, na província de Nampula.
Refira-se que o Corredor de Nacala parte do Porto de Nacala até à Zâmbia, atravessando o território malawiano.
“Efectivamente, a Vale construirá no Malawi parte do Corredor de Nacala, cobrindo 137 quilómetros de linha férrea, entre Chikwawa e Nkaya Junction, onde será feita a ligação com a linha de concessão dos Caminhos de Ferro da África Oriental e Central (CEAR)”, indica o comunicado.
Esta infra-estrutura não só servirá para o escoamento de carvão proveniente de Moatize, mas também para toda a região. Aliás, a Vale indica que, adicionalmente aos benefícios de integração regional económica deste projecto, os malawianos poderão ter oportunidades de emprego durante a construção e operação, com a contratação de empresas locais, implementação de programas sociais ao longo do corredor, para além do transporte geral de carga para o Malawi.
Aquela companhia detém 51 por cento das participações no Corredor de Desenvolvimento do Norte, empresa gestora do Corredor de Nacala e que por sua vez também possui 51 por cento das acções dos CEAR. Por isso, com este contrato será possível minimizar o stress logístico relacionado com o escoamento de carvão produzido em Moatize.
No Projecto Carvão Moatize, a produção iniciou em Agosto último e o seu transporte é feito através da linha de Sena, que parte de Moatize até ao Porto da Beira, que também está aquém de responder às futuras necessidades de transporte, tendo em conta os planos da duplicação da capacidade nominal de produção.
Neste momento, mesmo se a linha de Sena duplicasse a sua capacidade não seria capaz de transportar mais de 12 milhões de toneladas por ano, numa altura em que as estimativas do Governo indicam que o país poderá produzir cem milhões de toneladas por ano até 2020.
Neste sentido, o Porto de Nacala afigura-se como sendo uma alternativa ao problema de escoamento de carvão produzido em Moçambique.
Esta infra-estrutura é considerada o melhor porto de águas profundas da África Oriental, com capacidade para atracar navios de qualquer dimensão.