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SELO: Carta ao Director do HCM Dr. João Fumane

Exmo Sr. Director do Hospital Central de Maputo Dr. João Manuel de Carvalho Fumane

Temos estado a assistir nas últimas semanas uma instauração massiva de Processos Disciplinares contra os funcionários que aderiram a Greve dos Profissionais de Saúde que decorreu no período de 20 de Maio à 15 de Junho do corrente ano alegando faltas injustificadas. Esta instauração está a ser levada a cabo por uma “brilhante” equipe de instrutores e pela “eficiente” equipe de Recursos Humanos do nosso Hospital.

A equipe de instrutores é tão brilhante que para além de não seguir todos os passos recomendados pelo EGFAE e REGFAE, chegando até ao ponto de entregar uma nota de culpa antes do notificado prestar declarações, nem se dignam a ler a nota de defesa dos acusados, atribuindo a todos a mesma pena: Multa Graduada! Notável também é a eficiência da equipe dos recursos humanos em conseguir encerrar em tempo recorde estes processos disciplinares… No entanto, é lamentável que tal eficiência não se verifique nos procedimentos que beneficiam os funcionários da Saúde tais como nomeações, progressões, promoções, entre outros…

Não percebemos qual a finalidade destes processos disciplinares que para além de acarretarem um gasto adicional em consumíveis (papéis, pastas de arquivo, tonner, etc) atrapalham as actividades clínicas dos acusados e dos próprios instrutores e escrivãos com o tempo despendido nesse processo!

Com tantos problemas que tem o nosso Hospital, perguntamo-nos porquê não envidar todos os nossos esforços para tentar solucioná-los ao em vez de tentar “tapar o sol com a peneira”?

Porquê não tentar acabar com os ratos (isso mesmo, ratos) que abundam pelas enfermarias, pelos armazéns e refeitórios, chegando não só a colocar em risco a vida do pessoal de saúde e dos pacientes mas também a aumentar o dinheiro despendido em reparações do equipamento eléctrico/informático e imagiológico (TAC, Ressonância Magnética)?

Porquê não resolver os problemas da canalização e a falta de vidros nas janelas dos diversos sectores do nosso Hospital?

Porquê não apetrechar o Hospital com medicamentos básicos e material médico-cirúrgico para o seu normal funcionamento?

Na nossa humilde opinião, os nossos esforços deveriam ser canalizados para a resolução destes e de tantos outros problemas que o Hospital e não para a instauração de processos disciplinares desnecessários com despachos infundados a não ser claro, que espera-se arrecadar uma boa receita com as penas atribuídas (multas graduadas) e usa-la para a resolução desses problemas.

Por um excelente Hospital e uma boa prestação de cuidados de saúde, apelamos que ponha a sua mão na consciência.

 

Um grupo de Profissionais de Saúde interessado em fazer do Hospital Central de Maputo um Hospital de qualidade

Maputo, aos 19 de Agosto de 2013

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