Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

CAN 2012: drama, magia e festa em Libreville, Gabão apura-se para quartos-de-final

CAN 2012:  drama

Nesta sexta-feira, para os amantes do bom futebol não havia melhor lugar para estar que em Libreville. Um golaço de livre no último lance da jogo, como num guião de cinema, levou à loucura 40 mil pessoas no estádio e outros milhares espalhados pelo Gabão. Com a vitória por 3 a 2 sobre o Marrocos, os donos da casa classificaram-se por antecipação para os quartos-de-final do Campeonato Africano de Nações (CAN), juntando-se na próxima fase à Tunísia, à Costa do Marfim e à outra anfitriã, Guiné Equatorial. Foi um jogo digno de entrar para a história do CAN, repleto de drama e reviravoltas.

No primeiro tempo, o Gabão parecia uma sombra da selecção que encantou na primeira ronda contra o Níger. Marrocos, obrigado a reagir após a derrota frente a Tunísia, e com quatro novos titulares, ditou o ritmo do jogo, pressionou e foi recompensado pelo golo de Kharja aos 24 minutos.

Só então os gaboneses acordaram, mas até o intervalo fizeram pouco para incomodar a baliza adversária.

A partida começou a mudar quando o técnico do Gabão, o alemão Gernot Rohr, sacou Nguema no intervalo para a entrada de Cousin. Pela recepção da claque, dava para notar que o veterano atacante, de volta ao país após passagens por França, Escócia e Inglaterra, desfrutava do status de ídolo nacional. Mesmo em fim de carreira, longe da condição ideal, Cousin ajudou a mudar o espírito da equipe, que intensificou a pressão e acuou os marroquinos.

O golo de empate aconteceu aos 31 minutos, quando Aubameyang se viu livre na marca do pênalti e acertou um lindo remate. Marrocos mal teve tempo de respirar, e do cruzamento de Aubameyang, o melhor do CAN até aqui, Cousin girou sobre a marcação e colocou no conto da baliza mais longe do guarda-redes.

Seguiu-se uma invasão de campo que precisou ser contida pelos seguranças. Quando a vitória parecia certa e o sistema de som do estádio já fazia um apelo para que não houvesse invasão no fim do jogo, veio o banho de água fria.

A bola tocou no braço de Moussono e o árbitro marcou pénalti, que Kharja converteu, chegando a três golos na competição e igualando-se ao angolano Manucho na artilharia.

Num jogo marcado por entradas violentas dos dois lados, estranhamente ninguém foi expulso. Certamente deveria ter sido Benatia, que no último ataque do Gabão cometeu falta dura e viu apenas um amarelo, quando o vermelho era o mínimo esperado.

Seriam cinco minutos de acréscimos, mas o tumulto que se seguiu prolongou a partida. O cronômetro já marcava 52 quando Bruno Zita Mbanangoye, saído do banco de suplementes, colocou por trás da barreira e no canto direito, acabando com o silêncio que havia tomado conta do estádio minutos antes.

Marrocos foi mandado para casa mais cedo – uma humilhação, a exemplo do Senegal -, mas isso é o menos importante do dia. A imagem marcante é a dos jogadores do Gabão cantando e dançando nos balneários acompanhados pelo presidente Ali Bongo.

Um momento inesquecível para um país em ascensão no futebol, como demonstra a classificação da seleção sub-23 para os Jogos Olimpícos de Londres. Chegar pelo menos às semifinais não parece um sonho impossível.

Niger eliminado com dignidade

No primeiro jogo desta sexta-feira, a Tunísia teve dificuldades contra o Níger, que mostrou grande melhoria após perder de forma inapelável para o Gabão. Msakni, que já havia feito um golaço pelos tunisinos na estreia, desta vez foi titular e marcou logo aos 4 minutos.

Pouco depois, Níger empatou com um golo bizarro, polêmico e histórico. O guarda-reses Mathlouthi saiu para cortar uma bola alta e passou batido, atrapalhado pelo braço de Maazou, que tentou cortar a bola (sem acertá-la). Ngounou, que atua na terceira divisão sueca, empurrou para as redes e fez o primeiro golo nigerino na história do CAN.

Com Maazou em grande noite, o Níger jogou de igual para igual a maior parte do tempo, mas não conseguiu dar a volta ao placar. Acabou pagando o preço no final, com Jemaa, que entrou no segundo tempo, marcando aos 45 em bela jogada individual.

Para o Níger, uma eliminação esperada, mas com dignidade. Já fez muito quem deixou África do Sul e o tricampeão Egito pelo caminho nas eliminatórias.

Mesmo com a ausência de alguns grandes nomes, a CAN tem mostrado grande equilíbrio, jogos emocionantes e um espetáculo nas arquibancadas – lotadas apenas quando jogam os anfitriões, é bom que se diga.

Neste sábado, a segunda ronda fica completa com o grupo D: Gana e Mali buscam a segunda vitória, Botswana e Guiné jogam pelos primeiros pontos.

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!