Os camponeses do distrito de Gúruè, província central da Zambézia, ameaçam abandonar a produção de tabaco devido ao facto da empresa fomentadora desta cultura de rendimento, a Mozambique Leaf Tobacco, não estar a comprar todo o produto.
Segundo o jornal Notícias, cerca de 3,2 mil camponeses de Lioma, Nicoropale e Tetete produziram grandes quantidades de tabaco na campanha agrícola passada, mas a empresa fomentadora não conseguiu adquirir toda a produção. Os produtores dizem que o seu esforço não está sendo compensado. Eles produziram tabaco em detrimento de outras culturas alimentares, mas não obtiveram os rendimentos que almejavam.
Um dos camponeses lesados é António Soares que, convencido pelas promessas da empresa fomentadora, apostou no cultivo de tabaco, em detrimento de milho e feijões. “A empresa está a dizer que não se responsabiliza. E nós, onde vamos parar com esse tabaco?”, questionou ele. Raul Morais é outro camponês de Gúruè que diz ter 342 fardos de tabaco em casa, cujo destino a dar ainda não desconhece.
No início da campanha, a Mozambique Leaf Tobacco firmou acordos com os produtores, no qual se comprometia a fornecer sementes e insecticidas em forma de créditos, devendo posteriormente serem descontados directamente durante a fase de comercialização. Contudo, a empresa fomentadora falhou honrar o compromisso com os camponeses, o que levou a deterioração de enormes quantidades de tabaco, havendo agora 60 produtores que exigem indemnização pelos danos causados.
Sobre esta situação, o administrador do distrito de Gúruè, Joaquim Pahare, disse que a empresa fomentadora desta cultura foi burlada pelos seus próprios funcionários, que, ao invés de comprar o tabaco dos produtores locais, foram adquirir do distrito de Milange a preços baixos. Segundo o administrador, esta situação aconteceu sem o conhecimento da empresa fomentadora e, na sequência disso, cinco trabalhadores envolvidos nessa burla foram expulsos da empresa.