O campo de refugiados de Kakuma, no Quénia, ultrapassou a sua capacidade de acolhimento de 100 mil pessoas, suscitando graves preocupações, uma vez que outros refugiados continuam a chegar, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Nos finais de julho passado, a população do campo erigido no norte do Quénia em 1992 atingiu 100 mil pessoas, na sequência da afluência constante de novas chegadas dos últimos dois anos.
“A ameaça dum conflito nos países vizinhos, nomeadamente no Sudão e no Sudão do Sul vai aumentar o número de requerentes de asilo no Quénia para o resto do ano e em 2013”, segundo o chefe do Escritório do ACNUR em Kakuma, Guy Avognon.
Durante os primeiros sete meses deste ano, 12 mil 123 pessoas foram registadas no campo, na sua maioria fugindo a violência e os conflitos no Estado de Jonglei, no Sudão do Sul, e de Kordofan, no Sudão.
Um grande número de pessoas provenientes do Burundi, da Etiópia, da Somália e da República Democrática do Congo pediu igualmente asilo em Kakuma, este ano.
Avongonon declarou-se preocupado com a eventualidade de tensões entre os residentes do campo e os membros da comunidade local devido, entre outros, a recursos limitados em água na região.
A distribuição da ajuda vital e dos serviços importantes é cada vez mais difícil devido a um financiamento limitado para responder ao crescimento da população, nomeadamente o alojamento, o saneamento, a educação e os setores da saúde.
“O ritmo sustentado das novas chegadas no campo já esgotou todas as terras disponíveis nas novas zonas de povoamento e, apesar da grave superlotação em diversas partes do campo, o ACNUR e os seus parceiros trabalham na identificação do espaço disponível para instalar os recém-chegados nas colónias já existentes”, indica o chefe do escritório do ACNUR.
O acréscimo da população suscitou graves preocupações de funcionamento já que as capacidades do campo não são extensíveis, a menos que novas fontes de água sejam identificadas.
Desde o início do ano, os esforços para fornecer quantidades suficientes de água limpa e potável tornaram-se num problema crucial e os refugiados beneficiam agora de menos do que os 20 litros exigíveis por pessoa e por dia.
As negociações entre o Governo queniano e o ACNUR para criar um segundo campo estão em curso desde o ano passado, mas não se chegou ainda a nenhum acordo.
No entanto, um sítio potencial foi identificado a cerca de 35 quilómetros de Kakuma. O ACNUR espera que as negociações sejam coroadas de êxito e que terras estejam suplementares sejam disponíveis antes do fim do ano.
Estima-se que 16,7 milhões de dólares americanos serão necessários para criar um segundo campo e que constrangimentos financeiros atuais do ACNUR vão provavelmente constituir problemas sérios.