O Botswana poderá começar, nos próximos dias, a usar o Porto de Maputo para o manuseamento de mercadorias, segundo anunciou hoje o presidente da empresa pública Portos e Caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM), Rosário Mualeia.
O Botswana tem usado o Porto de Maputo mas como ponto de trânsito, pretendendo agora utilizar a mesma infraestrutura como destino de carga dirigida. Falando a jornalistas momentos após a visita do Presidente tswana, Seretse Ian Khama, ao terminal de contentores do Porto de Maputo, Mualeia disse que o Botswana está interessada em usar esta infra-estrutura para fazer passar minerais, particularmente o carvão. “Esta foi uma viagem de confirmação da nossa capacidade de manuseamento tanto de minerais como de outro tipo de mercadoria e constatou-se que a nossa capacidade ainda é grande”, disse o PCA dos CFM.
O Presidente do Botswana, que visitou o nosso país na semana finda, assinou 10 memorandos de entendimento, abrangendo as áreas de energia, agricultura, saúde animal, mulher e acção social, educação, meio ambiente, cultura e ciência e tecnologia.
Um dos maiores interesses do Botswana é o desenvolvimento do projecto de construção do porto de águas profundas em Techobanine, distrito de Matutuíne, província de Maputo, que inclui uma linha férrea de 1.100 quilómetros, num investimento inicial de sete biliões de dólares. Entretanto, Rosário Mualeia disse que os tswanas estão interessados em usar o Porto de Maputo, “num espaço curto de tempo, antes mesmo do desenvolvimento do projecto de Techobanine”.
Segundo Camilo Abdul, representante do MPDC, empresa concessionário do Porto de Maputo, neste momento, esta infra-estrutura tem uma capacidade de manuseamento de 20 milhões de toneladas anuais, mas ate agora só se explora 12 milhões. “Eles (os tswanas) falam de um potencial de 20 milhões de toneladas por ano, mas certamente que não vão começar com 20 milhões”, disse Abdul, acrescentando que “estamos prontos para começar”. Actualmente, o Porto de Maputo é também usado pela África do Sul, bem como pela Swazilândia e Zimbabwe.
Questionado pela AIM sobre as vantagens comparativas do Porto de Maputo, o PCA dos CFM apontou o facto desta infra-estrutura ter já resolvido o problema de congestionamento. “Nós reduzimos para zero o tempo de espera para o manuseamento de carga”, disse Mualeia, acrescentando que “o outro aspecto é a segurança que agora está muito bem desenvolvida. Aliás o nosso operador tem um certificado internacional de segurança”.
Apesar dessas vantagens, a melhor e maior solução para o problema de manuseamento de carga é a concretização do projecto de Techobanine. Segundo Mualeia, este porto terá uma capacidade de receber mais de cem mil toneladas, contra a do Porto de Maputo que é estimada entre 30 e 50 mil. Além disso, o Porto de Techobanine, que é de águas profundas, vai oferecer oportunidades de desenvolvimento de outras actividades, como é o caso do Turismo. “Já temos 70 quilómetros de linha – férrea até Salamanga (província de Maputo), faltando apenas 30 quilómetros para chegar a Techobanine”, disse Mualeia.