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Bill Gates à moçambicana

Bill Gates à moçambicana

Num país em que o desemprego é a sorte da maioria dos jovens moçambicanos e o auto-emprego é a palavra de ordem, Mário Francisco Júnior quer fazer do computador a sua bóia de salvação, e afirma: “Quero ser o Bill Gates de Moçambique”. Com apenas 18 anos de idade, frequenta a 12ª classe na Escola Comunitária Nossa Senhora do Livramento T3, e tem um sonho ambicioso: criar uma empresa que desenvolve programas (softwares) para computadores.

O sonho não é de hoje. A história começa na cidade de Maxixe, província de Inhambane, numa altura em que se encontrava a frequentar a 8ª classe. Mário Francisco Júnior teve o seu primeiro contacto com um computador na sala de informática da Escola Secundária de Chambone, onde aprendeu a usar a máquina.

Mas a sua relação com o computador foi se intensifi cado quando, em 2003, lhe foi ofertado, pelo seu progenitor, um computador. No entanto, o interesse pela informática aumentou e a curiosidade de perceber o mistério que está por detrás dos aparelhos tornava-se cada vez mais intensa.

Ainda adolescente, Júnior começou a desenhar pequenos soft wares, recorrendo aos preconcebidos na máquina de computação. “Com base no soft ware ‘Pascal’, desenhei os meus próprios programas e, mais tarde, passei a usar outros mais complexos”, conta.

Em 2008, recebeu um convite para representar a sua escola nas Olimpíadas de informática a nível da província de Inhambane, tendo-se sagrando campeão. Em 2009, foi convidado por uma delegação do Ministério da Educação para formar professores que, de seguida, seriam formadores dos alunos em matéria de informática nas suas respectivas escolas.

O mais curioso é que o jovem Mário fazia parte dos alunos a serem instruídos pelos professores formados por ele. Apesar de ter sólidos conhecimentos de informática, ele agiu como leigo. “Entrei na sala de aulas como estudante e não como formador. Fui humilde, embora soubesse tudo o que os professores ensinavam”, diz.

Perseguido pelas vitórias

Mário sempre sonhou em expandir os seus projectos e visões de modo que as pessoas conheçam o seu trabalho. Sob esse pretexto, recentemente participou numa Feira de Empreendedores organizada pelo Núcleo Académico dos Empreendedores de Moçambique (NAEM), onde conquistou o segundo lugar ao apresentar um projecto informático que, segundo o jovem, vai revolucionar o sistema administrativo nas escolas.

Mário conta que o país precisa de ter sistemas próprios de gestão de informação. O projecto que lhe valeu o segundo lugar na Feira de Empreendedores designa-se Sistema de Gestão Escolar (SGE).

Um projecto ambicioso

Mário Júnior está ciente da situação em que a administração das escolas se encontra, principalmente nos períodos das matrículas, organização de turmas e realização de exames.

Através do soft ware SGE, pretende minimizar as difi culdades enfrentadas pelos funcionários do sector da Educação, ao mesmo tempo que ambiciona ajudar este sector no processo de migração tecnológica, abandonando desta forma os processos analógicos de processamento de dados, aderindo aos digitais.

“As escolas estão totalmente cheias de estudantes e precisam de adoptar métodos efi cazes para satisfazer a demanda”, afi rma. O Sistema de Gestão de Escolas tem a capacidade de efectuar a inscrição dos estudantes, emitindo automaticamente códigos de recibos.

O mesmo permitiria a impressão imediata da fi cha do aluno sem que seja necessário recorrer à base de dados convencional. Além do processo de matrícula, o SGE de Mário Francisco Júnior pode também formar turmas por idade e gerir cadastros para o exame. “ É uma autêntica maravilha tecnológica”, defi ne.

Neste momento, o jovem está a negociar com o Ministério da Educação a possibilidade de encontrar uma “escola cobaia”, para que, a partir dos resultados obtidos, se possa avançar com a massificacão da tecnologia por todo o país. Mário afirma que já submeteu uma carta ao ministério para a análise da inovação que pretende oferecer.

Falta dinheiro

O projecto de Mário, embora seja muito ambicioso, não tem pernas para andar, porque lhe falta o essencial: dinheiro. O jovem conta que quando levou a ideia à Feira de Empreendedores, estava na expectativa de que aparecesse um investidor nesta área, o que não chegou a acontecer.

O projecto está orçado em pouco menos de 400 mil meticais. Além das vantagens que congrega, no que concerne ao sector da Educação, também poderá oferecer emprego a pouco mais de 10 pessoas.

A criação do SGE durou dois meses e contou com a colaboração do seu amigo Abel Abdul. De salientar que a vida do pequeno inovador e empreendedor baseia-se na seguinte frase: “Eu podia dormir as noites que perdi e sonhar com uma vida boa, mas preferi perder as noites e tornar os sonhos reais”.

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