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Beira: Águas doces transformadas em praia

Beira: Águas doces transformadas em praia

Mocuba é um dos poucos municípios do país que contam com grandes correntes de água doce. Além do habitual uso dos recursos hídricos, a edilidade, em parceria com o governo do distrito, transformou parte do rio Licungo, concretamente a do lado do povoado do Beira, numa praia. Na época quente, o local em alusão acolhe centenas de visitantes e banhistas.

O distrito de Mocuba é um dos poucos pontos da Pérola do Índico que possui uma população menos exigente. Os nativos daquela circunscrição geográfica contentam-se com o pouco que o governo faz para o desenvolvimento da jurisdição. Há alguns anos, um dos afluentes do rio Licungo, o maior da província da Zambézia, foi “reciclado” e transformado numa praia. É, na verdade, um local que se confunde com uma estação balnear, mas, devido às propriedades químicas das águas, consegue-se descobrir que se trata de um rio reaproveitado para proporcionar lazer e momentos ímpares à população de Mocuba.

Os agentes de limpeza do município garantem a salubridade do local, o que lhe confere uma maior beleza, enquanto o governo do distrito, em colaboração com o Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), se responsabiliza pela segurança. O povoado que dista, sensivelmente, 10 quilómetros da cidade está a tornar-se a terra prometida para os comerciantes pelo facto de acolher centena de pessoas. A cada dia que passa mais pessoas enveredam pelo comércio informal, pois a rentabilidade da actividade tem-se mostrado promissora. Os habitantes da nova Zona Económica Especial da Zambézia orgulham-se do local.

“Temos uma população que sabe cuidar do pouco que tem. A praia do Beira é um orgulho para Mocuba, pois consegue albergar na totalidade os residentes nos momentos em que a temperatura é alta”, disse a administradora do distrito aquando da realização da II Conferência de Investimentos das Zonas Económicas Especiais de Desenvolvimento Acelerado. No Verão, a população recorre àquele local para se refrescar. Embora sejam correntes de água doce, mesmo sem ondas marítimas, o ambiente é típico de uma costa.

Edilson Magaia, de 19 anos de idade, é estudante da Escola Secundária Pré–Universitária de Mocuba e frequenta, no período da manhã, a décima segunda classe. Segundo o nosso interlocutor, desde que os termómetros começaram a registar temperaturas acima dos 30 graus Celcius, ele faz-se, diariamente, à praia do Beira. Magaia afirma ainda que, embora Mocuba se localize numa região característica de clima quente, tem potencial para garantir lazer aos habitantes.

“Desde o início do Verão, sempre me desloco à praia do Beira. Lá, encontro ar puro, águas limpas para mergulhar, além de uma gastronomia bastante atractiva, típica da região, a galinha à zambeziana”, disse. Olga Martins, de 27 anos de idade, que se encontrava na companhia do seu esposo, afirmou que aquele ponto se tornou um local de “encontros” de casais. De acordo com a jovem, dezenas de pessoas deslocam-se àquela praia com o objectivo de namorar.

Comércio impulsionado pelas enchentes

O @Verdade deslocou-se ao local para se inteirar melhor do assunto. Surpreendemo-nos com uma realidade completamente diferente: enchentes na famosa praia, com maior afluência de adolescentes e jovens. Na “costa” de Mocuba, o negócio transformou-se numa oportunidade para os cidadãos desempregados. Conversámos com Mário João, de 22 anos de idade, um jovem que abraçou o comércio informal como fonte de sobrevivência.

Ele é órfão e vive na companhia da sua irmã no bairro Marmanelo, arredores da cidade de Mocuba. O rapaz vende refrigerantes e algumas bebidas alcoólicas. Diariamente, ele desloca-se à praia do Beira onde desenvolve as suas actividades. A sua receita diária varia entre 500 e mil meticais, dependendo da afluência de visitantes.

“Aqui existem oportunidades para quem sabe aproveitá-las. A concorrência massiva da população fez com que eu visse um ensejo de progredir economicamente. Portanto, o valor que amealho, diariamente, chega para ajudar a minha família e, igualmente, custear os meus estudos”, referiu João. Os refrigerantes e a cerveja são os produtos mais consumidos pelos banhistas da praia do Beira.

A remoção de resíduos sólidos é eficiente e a população acata as indicações dos agentes de limpeza do município. No local, encontrámos uma idosa identificada pelo nome de Maria, de cuja idade não se lembra. Ela ganha a vida naquele lugar, na companhia da sua neta, vendendo carne assada de galinha e de vaca. O negócio é-lhe rentável. Diariamente, a idosa amealha entre 700 e 1500 meticais. Os trabalhos da anciã são auxiliados pela neta, que vai à procura dos produtos nos diversos pontos da cidade. “Dou graças a Deus por ter uma neta que me ajuda nos trabalhos pesados. Ela é que vai à procura das galinhas e da carne de vaca”, disse.

Cancum: Outra margem elevada a praia

Tal como aconteceu com Beira, Cancum sofreu uma transformação drástica que fez com que fosse transformada, igualmente, numa praia. Esta resultou da “reciclagem” de uma das margens do rio Lugela, que dista escassos quilómetros do município de Mocuba. A zona é também um dos pontos preferenciais da população que vive na baixa da cidade de Mocuba.

Porém, embora se registem enchentes no Verão, as condições garantidas pela edilidade conferem um ambiente tranquilo e de lazer. De referir que aquele ponto tem recebido visitas de cidadãos de nacionalidade estrangeira, com destaque para os norte-americanos. Igualmente, “serpenteado” por pequenos restaurantes que confeccionam alimentos, Cancum é mais uma terra prometida para os comerciantes. O negócio de refrigerantes e bebidas alcoólicas mostra-se lucrativo para os agentes económicos.

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