O sector bancário comercial de Moçambique, na sua globalidade, arrecadou em 2008, lucros líquidos na ordem dos 3.13 biliões de meticais (equivalente a 113.3 milhões de dólares, a taxa de câmbio actual).
Trata-se de um aumento de 17,2 por cento comparativamente aos lucros registados em 2007, que totalizavam os 2.67 biliões de meticais, de acordo com a última pesquisa anual sobre o sector bancário realizado pela empresa de consultoria KPMG, publicada na última quartafeira, em Maputo. Todos os grandes bancos do país tiveram lucros substanciais, enquanto que alguns bancos pequenos enfrentaram dificuldades. Segundo o estudo, o Banco Comercial de Investimento (BMI) e vários outros recém-estabelecidos continuam a registar muitas perdas.
O Millennium-BIM (Banco Internacional de Moçambique) continua a ser, de longe o maior banco comercial do país, com um total de activos de 35.5 biliões de meticais. O total dos activos dos 14 bancos abrangidos na pesquisa é de 98.3 biliões de meticais, dos quais o Millennium – BIM representa cerca de 36 por cento. O Millennium-BIM, cujo accionista maioritário é o Banco de Portugal, o BCP, registou um lucro de 1.76 biliões de meticais em 2008, para além de possuir a maior carteira de crédito (17.8 biliões de meticais), bem como o maior número de depósitos (perfazendo meticais 29.5 biliões).
Segundo a pesquisa, outros três grandes bancos comerciais moçambicanos incluem o Banco Comercial e de Investimento (BCI), com activos de 23.8 biliões meticais, Standard Bank (21.4 biliões meticais) e a filial Moçambicana do Barclays (7.9 biliões meticais). A pesquisa sublinha que contrariamente a situação registada no ano anterior, o Standard Bank demonstrou ser o banco mais rentável em termos de fundos próprios médios com 45.73 por cento.
A percentagem de crédito mal-parado nos principais bancos é “extraordinariamente” baixa, segundo o estudo. No final da década de 1990, antes da mudança de propriedade, o Millennium- BIM e o Barclays quase entraram em colapso devido a política de empréstimos temerários que seguiram logo após a sua privatização.
Porém, agora apenas 0,9 por cento da carteira de crédito do Millennium – BIM é classificado como credito malparado. Entretanto, a situação de créditos mal-parados noutras grandes instituições bancárias ainda é ligeiramente elevada, em torno dos 1,32 por cento no BCI; 6,83 por cento no Barclays e 1,41 por cento no Standard Bank. A situação é mais alarmante nos bancos de micro-finanças, tais como o Socremo, onde 29 por cento do total de crédito é considerado mal-parado.
A pesquisa da KPMG sublinha que a taxa média de retorno do no sector bancário comercial é de 30.95 por cento, mas para o Millennium-BIM, a mesma sobe para 45.03 por cento e 45.73 por cento para o Standard Bank.