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Avião da Malásia é derrubado em zona de guerra na Ucrânia e 298 pessoas morrem

Os Estados Unidos acreditam que um míssil terra-ar tenha derrubado o avião de passageiros da Malásia que caiu no leste da Ucrânia na quinta-feira, matando todas as 298 pessoas a bordo, em incidente que eleva acentuadamente o que está em jogo no conflito entre Kiev e os rebeldes pró-Moscovo.

Uma autoridade dos EUA disse que Washington suspeita fortemente que o míssil que derrubou o Boeing 777 da Malaysia Airlines, em um voo de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi disparado por separatistas ucranianos apoiados por Moscovo.

Não há nenhuma evidência de que as forças do governo ucraniano dispararam um míssil, disse a autoridade norte-americana, falando sob condição de anonimato.

Uma segunda autoridade dos EUA disse que a origem do míssil não estava clara. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, falando em Detroit, disse que o avião de passageiros, aparentemente, foi “explodido no céu”.

A Ucrânia acusou militantes pró-Moscovo, auxiliados por agentes da inteligência russa, de disparar um míssil terra-ar SA-11 de longo alcance da era soviética.

Líderes da autodenominada República Popular de Donetsk negaram qualquer envolvimento e disseram que um jato da Força Aérea ucraniana derrubou o avião comercial.

O presidente russo, Vladimir Putin – em conflito com o Ocidente sobre suas políticas para a Ucrânia – colocou a culpa em Kiev por ter renovado sua ofensiva contra os rebeldes há duas semanas, depois que um cessar-fogo fracassou.

O líder do Kremlin chamou de “tragédia”, mas não disse quem derrubou o Boeing. A perda do avião é o segundo desastre para Malaysia Airlines neste ano, após a perda misteriosa de voo MH-370, em março, que desapareceu com 239 passageiros e tripulantes a bordo, a caminho de Kuala Lumpur para Pequim.

“Se for verificado que o avião foi realmente derrubado, insistimos que os autores sejam rapidamente levados à justiça”, disse o primeiro-ministro malaio Najib Razak em entrevista coletiva antes do amanhecer, em Kuala Lumpur. “Este é um dia trágico, em um ano já trágico para a Malásia.”

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que intensificou a ofensiva no leste, falou com o presidente dos EUA, Barack Obama, e procurou mobilizar a opinião pública mundial a favor de sua causa.

“A agressão externa contra a Ucrânia não é apenas um problema nosso, mas uma ameaça à segurança europeia e mundial”, disse ele em comunicado.

PRESSÃO INTERNACIONAL

A dimensão do desastre, que envolve muitos estrangeiros e também crianças, poderá resultar em uma decisiva pressão internacional para resolver a crise que já causou centenas de mortes na Ucrânia desde que manifestantes pró-Ocidente derrubaram o presidente ucraniano apoiado por Moscovo, em fevereiro.

Um mês depois, a Rússia anexou a região ucraniana da Crimeia. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas planeia fazer uma reunião de emergência sobre a Ucrânia na sexta-feira, disseram diplomatas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma investigação internacional completa. Jornalistas da Reuters viram destroços carbonizados e fumegantes com o emblema azul e vermelho da Malaysia Airlines e dezenas de corpos estirados nos campos perto do vilarejo de Grabovo, a 40 quilómetros da fronteira russa, perto da capital regional Donetsk, que está sob controle dos rebeldes.

A Holanda declarou luto oficial pela morte de 154 holandeses que estavam no voo. Estavam a bordo também 28 malaios, 27 australianos, 11 indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadiano. Todos os 15 tripulantes eram malaios. A nacionalidade dos outros a bordo não está clara.

O governo ucraniano condenou o ato de “terrorismo” e divulgou gravações supostamente de oficiais de inteligência russos discutindo a derrubada de um avião civil pelos rebeldes, que podem tê-lo confundido com um avião militar ucraniano.

Quando surgiu a informação da queda do avião, Putin e Obama estavam conversando por telefone sobre uma nova rodada de sanções que Washington e seus parceiros europeus impuseram a Moscou, na quarta-feira, para tentar forçar o líder russo a fazer mais para coibir a revolta ucraniana.

Os presidentes comentaram as primeiras informações sobre a queda, segundo a Casa Branca, que acrescentou que Obama alertou Putin sobre a possibilidade de impor novas sanções se a Rússia não mudar de atitude quanto à Ucrânia. A Malaysia Airlines disse que controladores de tráfego aéreo perderam contato com o voo MH-17 às 16h15 quando o avião sobrevoava o leste da Ucrânia em direção à fronteira russa, com destino à Ásia.

Dados do acompanhamento do voo indicam que estava em altitude de cruzeiro, de 33.000 pés, quando desapareceu. “Eu estava trabalhando no campo com meu trator quando ouvi o som de um avião e, em seguida, um estrondo”, disse à Reuters um homem que mora na região de Hrabove, conhecida em russo como Grabovo.

“Vi o avião bater no chão e se dividir em dois. Havia uma densa fumaça negra.” Um funcionário do serviço de emergência disse que pelo menos 100 corpos foram encontrados até agora e que os destroços se espalharam por um raio de 15 quilómetros.

Separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia disseram ter encontrado a “caixa-preta” do avião, segundo a agência de notícias Interfax. A informação não pôde ser imediatamente confirmada pela Reuters.

Kiev reclamou que os separatistas, que são a principal força na área, impediram autoridades ucranianas de chegar ao local.

Depois que Obama e Poroshenko falaram, a Casa Branca disse: “Os presidentes enfatizaram que todas as evidências no local do acidente devem permanecer no lugar, em território da Ucrânia até que os investigadores internacionais sejam capazes de examinar todos os aspectos da tragédia.”

A Malaysia Airlines disse na sexta-feira (horário local) que a rota usada pelo avião havia sido declarada segura pela Organização da Aviação Civil Internacional, um braço da ONU. A companhia aérea acrescentou que a Associação Internacional de Transportes Aéreos “tinha afirmado que o espaço aéreo que a aeronave estava atravessando não estava sujeito a restrições”.

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