O avião da Air France que fazia o trajeto entre Rio e Paris e que caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo não se partiu em pleno ar, afirma o Bureau de Investigação e Análises (BEA) francês, encarregado de investigar a queda do voo 447 a 1 de junho.
Os investigadores também destacaram que as questionadas sondas Pitot não foram a causa do acidente. “A análise visual dos destroços do avião mostram que a aeronave não foi destruída em voo. Parece ter se chocado com a superfície da água em linha de voo, com uma forte aceleração vertical”, afirmou Alain Bouillard, da BEA, ao apresentar à imprensa o relatório preliminar das investigações.
“O avião estava inteiro no momento do impacto”, insistiu Bouillard. Desde 6 de junho, 640 pedaços do avião foram encontrados no mar. “Os elementos identificados proveem do conjunto das partes do avião”, afirmam ainda. O especialista também esclareceu algumas as dúvidas a respeito das sondas Pitot. “As sondas são o primeiro elo da corrente anemométrica (que capta a velocidade do ar em deslocamento através da fuselagem)”, explicou Bouillar.
“As sondas Pitot aparecem como algo muito suspeito nas incoerências da velocidade. São um dos fatores, mas não é o único; é um elemento, mas não é causa”, insistiu. No início das investigações, o BEA notou “incoerências” nas velocidades medidas, afirmando, no entanto, que nada permitia vincular as causas do acidente do Airbus A330 às sondas Pitot, que medem a velocidade em voo.
Quanto à autópsia realizada pelos legistas brasileiros nos corpos dos passageiros, o BEA informou ainda não ter os resultados. Mas anunciou que que as buscas acústicas das caixas-pretas prosseguirão até 10 de julho. “Nós nos aproximamos do fim da missão acústica de busca das balizas. Esta primeira fase de buscas termina no dia 10 de julho.
Depois desta data, passaremos para uma segunda fase. Estas buscas não serão acústicas e sim mediante exploração sistemática através de sondas”, declararam. O navio de exploração submarina “Pourquoi pas?” prosseguirá com as buscas com veículos submarinos e um sonar de rastreamento. Os registradores de voos ou caixas-pretas são determinantes para explicar o acidente, insistiram os especialistas.
As caixas pretas estão conectadas a balizas que emitem sons por pelo menos 30 dias. A tarefa de busca é complexa por causa da profundidade do local da queda do avião, estimada entre 3.000 e 3.500 metros, e pelo relevo de difícil acesso do Oceano Atlântico na zona da tragédia.