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Aumentos da energia desde 2015 ainda não cobrem custos operacionais da Electricidade de Moçambique que opera com défice de 30 milhões de dólares

Aumentos da energia desde 2015 ainda não cobrem custos operacionais da Electricidade de Moçambique que opera com défice de 30 milhões de dólares

EDMOs quatro aumentos do preço da energia eléctrica, desde 2015, ainda não tornaram sustentável a operação de distribuição da Electricidade de Moçambique (EDM). A Empresa Estatal factura cerca de 500 milhões de dólares porém compra a energia a uma média de 14 cêntimos do Dólar o quilowatt/hora (USDc/kWh) e vende aos moçambicanos a aproximadamente 12 USDc/kWh, o que resulta num défice operacional em torno de 30 milhões de Dólares norte-americanos.

Carregando o ónus da electrificação de Moçambique assente na vontade política mas sem as necessárias premissas de viabilidade e sustentabilidade a médio e longo o prazo a EDM enfrenta um conflito de mandato: infra-estruturas de transporte e distribuição de energia obsoletas e sobrecarregadas, défice de recursos para actividade de operação e manutenção, falta de redundância e qualidade de serviço, défice de investimentos na rede de transporte e distribuição, défice na capacidade de gerar energia e o custo alto de compra aos Produtores Independentes de Energia (IPP´s no acrónimo em inglês).

Até 2014, ano até ao qual durou o congelamento dos ajustamentos tarifários para os moçambicanos iniciado em 2007 após manifestações violentas na cidade de Maputo, a Electricidade de Moçambique conseguiu manter uma certa paridade entre que os custos de aquisição e distribuição, 8,21 USDc/kWh, e o preço médio de venda, 8,28 USDc/kWh, tendo a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) como a sua principal fonte de energia.

Para evitar o colapso do sistema de transporte e em défice energético responder à demanda dos clientes que não pararam de aumentar em todo o país em 2015 a EDM iniciou a compra de energia aos Produtores Independentes que entretanto entraram no mercado, particularmente a Gigawatt Moçambique e a Central Térmica de Ressano Garcia.

EDM

Contudo o @Verdade apurou que o custo desses IPP´s era muito mais alto do que a HCB, que vendia cada quilowatt/hora a 3,5 cêntimos do Dólar contra 10 e 15 USDc/kWh praticados pela Gigawatt Moçambique e a Central Térmica de Ressano Garcia, respectivamente, o que elevou os custos de aquisição para uma média de 11,16 USDc/kWh enquanto o preço de venda aos clientes da EDM depreciou-se para 7,44 cêntimos do Dólar por quilowatt/hora.

 

Dívidas ilegais e entrada de Produtores Independentes de Energia aumentaram fosso tarifa vs custos

Entretanto a EDM iniciou uma profunda reestruturação, sob comando de Mateus Magala, mas as suas finanças foram gravemente afectada pela descoberta das dívidas da Proindicus e Mozambique Asset Managment (MAM) que ditou uma depreciação de 130 por cento Metical, moeda de facturação da Electricidade de Moçambique que no entanto tem a maioria dos seus custos indexados em divisas.

Contas recentes da eléctrica nacional, a que o @Verdade teve acesso, mostram que essa depreciação do Metical quase triplicou o passivo, as dívidas com fornecedores que rondavam os 140 milhões de Dólares cresceram para mais de 342 milhões de Dólares norte-americanos.

EDM

Apesar de um novo aumento no preço da energia, cerca de 12 meses após o anterior, o custo para os clientes da EDM ficou em 5,98 cêntimos do Dólar por quilowatt/hora enquanto os custos de aquisição e distribuição foram de 11,08 USDc/kWh. Enquanto a factura de energia comprada à HCB reduziu de 87 milhões de Dólares norte-americanos em 2015 para 41 milhões em 2016 o custo com a electricidade comprada às novas centrais de energia mais do que duplicou de 105 para 238 milhões de Dólares norte-americanos.

Défice operacional reduziu de 60 para 30 milhões de dólares

Em 2017, graças a apreciação do Metical em relação ao Dólar, o fosso entre a tarifa de energia e o custo de fornecimento reduziu para 8,42 cêntimos do Dólar por quilowatt/hora e 10,74 USDc/kWh, respectivamente. O preço da energia adquirida à Hidroeléctrica de Cahora Bassa reduziu ainda mais, para 30 milhões de Dólares norte-americanos no entanto a factura dos Produtores Independentes de Energia voltou a aumentar, para 255 milhões de Dólares norte-americanos.

No entanto o aumento da tarifa que não aconteceu em 2018, como ficou acordado entre o Governo e a EDM, voltou a dilatar o fosso entre a tarifa de energia e o custo de fornecimento. Os clientes da EDM pagaram uma média de 10,53 USDc/kWh enquanto os custos operacionais cresceram para 13,53 cêntimos do Dólar por quilowatt/hora. No ano passado a Electricidade de Moçambique gastou 327 milhões de Dólares norte-americanos na aquisição de energia, 56,7 milhões a HCB e 258 milhões aos IPP´s.

EDM

Fonte da Administração da Electricidade de Moçambique explicou ao @Verdade que no mais recente exercício fiscal a empresa facturou cerca de 500 milhões de dólares dos quais 80 por cento foram gastos nos custos da energia e apenas 10 por cento corresponde as remunerações dos trabalhadores. Os resultados operacionais melhoraram o défice de 60 milhões de Dólares norte-americanos de 2017 reduziu para 30 milhões em 2018.

Reestruturação financeira da EDM pode ser iniciada sem a injecção de capital

EDMA EDM não revela para quanto aumentou a tarifa média de energia paga com o aumento do Março, para o povo, e de finais de 2018 para as grandes empresas, nem a quanto está a comprar actualmente a electricidade porém a Administração garantiu ao @Verdade que a paridade e consequente sustentabilidade da empresa ainda não foi recuperada.

De acordo com a fonte os desafios que a EDM começam por melhorar o “mix de energia”, que é por conseguir mais alocação por parte da HCB, que irá baixar o custo médio da electricidade, passam por renegociar algumas taxas de concessão com o Estado, pela redução dos custos e pela redução das perdas de energia (roubo de energia, infra-estrutura obsoleta, etc), que actualmente são de 24 por cento e custam cerca de 175 milhões de dólares, e ainda avançar com a reestruturação financeira.

Os actuais gestores da eléctrica estatal acreditam que a reestruturação financeira pode ser iniciada sem a injecção de capital, como foi efectuada com a HCB através de um acerto de contas em duas empresas onde o Estado é o principal accionista, e a implementação da nova estratégia de electrificação onde o balanço patrimonial da EDM deixa de suportar os custos de novas ligações assim como os créditos para levar a energia às zonas rurais, esse ónus passa para uma “Conta de Electrificação”.

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