O número de rinocerontes abatidos por caçadores furtivos aumentou em perto de 50 por cento na África do Sul de 2012 para o ano passado, ao atingir perto de mil animais mortos até o mês passado. De acordo com uma notícia da Voz de América (VOA), até ao dia 19 de Dezembro último, caçadores furtivos haviam matado 946 rinocerontes, uma espécie protegida ao nível mundial.
O Departamento de Assuntos Ambientais indica que 668 animais foram mortos em 2012. Há uma década – em 2003 – apenas 22 rinocerotes tinham sido abatidos naquele país da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e vizinho de Moçambique. O responsável cientifico na África do Sul da União Internacional para a Conservação da Natureza, Richard Emslie, considerou a situação como sendo uma “uma crise real….
Para caça furtiva continuar a aumentar como acontece ano após ano não é sustentável”. Ele considera que os números não são um bom sinal para os animais, que estão a ser dizimados para a extracção dos seus cornos – que são comercializados a preços milionários principalmente nos mercados asiáticos onde sao usados para fins me- dicinais – uma vez serem considerados afrodisíacos.
“Ao nível em que a caça furtiva tem aumentado ao nível do continente desde 2008, iremos atingir um ponto crítico em que as mortes começarão a ultrapassar os nascimentos em 2014 até 2016, dependendo da taxa de crescimento subjacente dos rinocerotes”, disse Emslie. Estatísticas indicam que África do Sul detém 83 por cento da população continental de rinocerotes, o que representa 73 por cento da população mundial.
Apesar do país ter registado 330 caçadores furtivos detidos por cometimento desses crimes em 2013, especialistas ambientais indicam que a crescente procura dos cornos torna difícil a luta contra esta prática, uma vez que um único corno pode ser comercializado a milhares de dólares. China e o sudeste asiático são os maiores mercados de cornos de rinocerotes. A mudança de percepção tem sido o grande foco dos governos e organizações contra a caça furtiva.
Na sequência disso, em países como Vietname tem havido campanhas de educação da população sobre os efeitos da caça furtiva, explicando-se que os cornos são constituídos maioritariamente de mesmas substâncias que compõem a mão, dedos e unhas humanos. Outras organizações estão também a procurar trabalhos alternativos para cidadãos sul-africanos que possam ser recrutados para a caça furtiva.
“É uma chamada de atenção e o aumento da caça furtiva tem sido uma chamada de atenção, tem sido uma questão estado a crescer desde 2008, poderá reduzir de 25 mil rinocerotes em África no início de 2013 para abaixo de 10 mil até a viragem da década. Portanto, estamos mesmo no ponto da crise”, acrescentou ele.
O crescente nível de aumento da caça de rinocerotes na região da SADC e particularmente é uma questão que afecta também directamente Moçambique, uma vez que o Parque Nacional de Krugar, da África do Sul, está ligado a Moçambique através do Parque Nacional de Limpopo, onde já há relatos de extinção de rinocerotes.
Por outro lado, parte considerável de indivíduos envolvidos na caça furtiva – alguns dos quais abatidos por guardas florestais – são cidadãos moçambicanos. Parte destes praticavam esses crimes do lado moçambicano, onde quase extinguiram os rinocerotes, tendo já virado as suas atenções para a África do Sul.