O UNICEF lançou, esta terça-feira (20), em Nova Iorque, por ocasião do Dia Universal da Criança, um novo relatório de pesquisa que destaca as mudanças demográficas globais previstas para a próxima geração de crianças que apresentam grandes desafios para os decisores políticos e planificadores.
O relatório, segundo um comunicado enviado ao @Verdade, refere, por exemplo, que “em 2050 um em cada três nascimentos no mundo acontecerá em África – como também será quase uma em cada três crianças com idade inferior a 18 anos. Há cem anos atrás, a contribuição de nascimentos em partes da África subsaariana era apenas de uma criança em 10”.
O relatório com título “Geração 2025 e mais além: A importância crítica de compreender as tendências demográficas para as crianças do século 21”, diz que por sua vez, a mortalidade de menores de 5 anos continuará cada vez mais a concentrar-se na África sub-saariana, em bolsas de pobreza e marginalização de países populosos de baixa renda e nas nações menos desenvolvidas.
“O que é importante é saber se o mundo à medidade que se prepara para a agenda pós-2015 tem em conta esta mudança fundamental e sem precedentes”, disse o co-autor do relatório David Anthony, do UNICEF. “Devemos fazer todo o possível para que essas crianças tenham uma chance igual para sobreviver, desenvolver-se e alcançar o seu pleno potencial”.
Em Outubro de 2011, a população mundial atingiu 7.000 milhões e em projecções actuais baterá os 8.000 milhões até 2025. O documento diz que os próximos 1.000 milhões de habitantes globais ainda serão crianças até 2025 e 90 por cento deles nascerão em regiões menos desenvolvidas.
O relatório projecta apenas um modesto quatro por cento de aumento na população mundial de crianças até 2025, mas o crescimento da população se desloca de forma significativa para os países do sul.
Segundo as projecções, os 49 países classificados como países menos desenvolvidos do mundo serão responsáveis por cerca de 455 milhões dos 2.000 milhões de nascimentos globais entre 2010 e 2025. Cinco países mais populosos de renda média – China, Índia, Indonésia, Paquistão e Nigéria – serão responsáveis por cerca de 859 milhões de nascimentos entre 2010 e 2025.
O único país de alta renda que se projecta ter uma proporção crescente de crianças até 2025 é os Estados Unidos – entre os cinco principais países onde ocorrerão nascimentos nos próximos 15 anos.
Embora a China e a Índia continuem a ter uma grande parcela da população mundial, em termos absolutos, a Nigéria vai ver o maior aumento em sua população de Sub-18 mais do que qualquer outro país, somando 31 milhões crianças, um aumento de 41 por cento, entre 2010 e 2025. Ao mesmo tempo, a Nigéria será responsável por uma em cada oito mortes entre os menores de 18 anos.
O relatório diz que as implicações políticas da mudança da população infantil e de mortes de crianças de países mais pobres e populosos do mundo são fundamentais. Para os países menos desenvolvidos, séria consideração deve ser dada à forma de atender as necessidades das crianças, especialmente em saúde e educação.
Este relatório, obtido a partir de projecções da Divisão de População das Nações Unidas, diz que o envelhecimento da população mundial vai aumentar a pressão para desviar os recursos das crianças.
“As crianças não votam, e suas vozes não são frequentemente ouvidas quando os governos tomam decisões sobre o financiamento”, disse o co-autor do relatório DanZhen You, do UNICEF. “Por isso, vai ser mais importante do que nunca salvaguardar as crianças para que os seus direitos sejam respeitados e realizados”.
As recomendações do relatório incluem: concentrando investimentos nas áreas onde as crianças vão nascer; ênfase em grupos negligenciados, especialmente nas grandes populações dos países de renda média; atingindo as famílias mais pobres e isoladas, e com urgência fazer face à questão da dependência na velhice.