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Ataque israelita contra frota com ajuda para Gaza deixa 19 mortos

Pelo menos 19 ativistas pró-palestinos morreram, na maioria turcos, em um ataque das forças navais de Israel na madrugada desta segunda-feira em águas internacionais contra uma pequena frota de ajuda humanitária que seguia para Gaza, território submetido a um bloqueio pelo Estado hebreu desde 2007.

O desenlace sangrento desta missão internacional que pretendia levar mantimentos à sitiada Faixa de Gaza levou Israel a uma grave crise diplomática, na véspera de uma reunião entre o presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. A ONU reagiu imediatamente se dizendo “chocada” e a União Europeia (UE) pediu uma “investigação completa” sobre o ocorrido.

A Turquia advertiu para “consequências irreparáveis” nas relações com o Estado hebreu, com o qual mantinha uma aliança estratégica na região. O governo dos Estados Unidos lamentou a perda de vidas humanas no ataque e informou que está analisando as circunstâncias em que foi realizado. “Os Estados Unidos lamentam profundamente a perda de vidas humanas e o saldo de feridos, e atualmente tentam entender as circunstâncias nas quais aconteceu a tragédia”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, em um comunicado.

Israel acusa os passageiros da “Frota da Libertade” de terem iniciado a violência ao abrir fogo, uma versão contestada pelos ativistas. A ação aconteceu em águas internacionais por volta das 5H00 locais. As imagens filmadas por um barco turco, e disponibilizadas na internet, mostram oficiais israelenses vestidos com roupas negras descendo de helicópteros e enfrentando os ativistas. Também são vistos vários feridos deitados no navio. “Na escuridão da noite, os militares israelenses desceram de um helicóptero para o barco turco de passageiros ‘Mavi Marmara’ e começaram a atirar quando pisaram no convés”, afirma o site do Movimento Gaza Livre.

As imagens tremidas mostram cenas de caos, com sombras de navios com mísseis israelenses ao fundo. O Exército israelense insiste que suas tropas não abriram fogo até que foram atacadas com facas, pedaços de pau e armas de fogo. “Como consequência desta ameaça vital e das ações violentas, as forças navais empregaram meios para apaziguar os distúrbios, incluindo fogo real”, afirma um comunicado do Exército.

O texto completa que os passageiros davam a impressão de querer “linchar as forças israelenses”. “Israel optou por uma resposta contundente e culpa os ativistas pelo acontecido. Eles iniciaram a violência”, afirmou à AFP o porta-voz de Netanyahu, Mark Regev. “Fizemos todo o possível para evitar este incidente”, acrescentou. “Lamentavelmente foram atacados pelas pessoas que estavam nos barcos, com barras de ferro, facas e armas de foto”, completou.

O Canal 10 da televisão israelense anunciou um balanço de pelo menos 19 passageiros mortos e 36 feridos. Em um primeiro momento, o Exército informou mais de 10 passageiros mortos e pelo menos quatro soldados feridos. Uma associação humanitária turca que participa na operação internacional informou pelo menos 15 mortos, em sua maioria turcos. Os seis barcos da operação serão escoltados até Israel. O primeiro deles já chegou ao porto de Ashdod, sul do país.

A imprensa também informou que o líder islamita árabe-israelense Raed Salah foi ferido nos confrontos. O presidente palestino Mahmud Abbas qualificou a ação de massacre e decretou três dias de luto. “Teremos que tomar algumas decisões difíceis esta tarde”, disse uma fonte do gabinete palestino, mas sem revelar quais as medidas.

A Autoridade Palestina também pediu uma reunião de urgência ao Conselho de Segurança da ONU para “debater a pirataria, o crime e o massacre israelense”, nas palavras do principal negociador palestino, Saeb Erakat. A comunidade árabe de Israel convocou uma greve geral em resposta à operação naval israelense e pediu os protestos dos cidadãos.

Em resposta, centenas de pessoas de diversas tendências políticas saíram às ruas na cidade árabe-israelense de Nazaré para protestar contra o ataque. O movimento radical Hamas, que controla a Faixa de Gaza, reagiu com um pedido à Autoridade Palestina “para suspender as negociações, diretas ou indiretas, com Israel após este crime”.

Os barcos, com mais de 700 passageiros a bordo, pretendiam levar 10.000 toneladas de ajuda a Gaza, submetida a um bloqueio israelense desde 2007. Israel já havia advertido que a tentativa de romper o bloqueio era ilegal e que interceptaria os barcos, que seriam rebocados até o porto de Ashdod. Os ativisitas devem ser deportados.

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