A selecção nacional de basquetebol, em seniores masculinos, qualificou-se para o Campeonato Africano de 2009 a realizar-se, em Agosto próximo, na Libia, graças à vitória diante do combinado sul-africano, por 81-67, em jogo da terceira e última jornada da segunda volta da fase de qualificação da zona VI.
Alberto Niquice (Bitcho) apresentou- se com outra postura, atitude e sobretudo responsabilidade, relativamente ao anterior jogo em que havia perdido com a mesma equipa, por 70-68. Estava claro que se Moçambique quissesse, e sempre quis, estar presente no Campeonato Africano devia mudar a sua forma de encarar o jogo e acreditar que seria capaz.
É verdade que tinha pela frente uma formação aguerrida e que lutaria pelo mesmo objectivo, mas a selecção nacional tinha a obrigação moral de se qualificar por mérito próprio. Numa altura em que o país vive sob uma onda vermelha, graças ao feito conseguido pela selecção de futebol, no basquete a mistura de veteranos e juventude não queria, de forma alguma, quebrar essa onda.
Foi uma partida disputada sobre toada de equilíbrio e o resultado no final do primeiro período reflecte isso, com o marcador a registar 17-16 a favor de Moçambique. Os sul-africanos sabiam que não podiam deixar o adversário fugir no marcador e, para ta,l tiveram que redobrar as forças. Kita Matungulu, treinador da África do Sul teve que solicitar a sua armada, designadamente Quintin Denyssen, Neo Mothimba e Letsebe para virar o jogo a seu favor.
Estes não se fizeram de rogados, convertendo pontos atrás de pontos, o que permitiu que a África do Sul passasse para a frente no marcador, 33-28, com cinco pontos de diferença. O intervalo chegou com essa dupla desvantagem de Moçambique, na qualificação e no resultado, havia, pois, que inverter o rumo dos acontecimentos caso quisséssemos estar presentes no Líbia-2009.
Foi exactamente o que se viu na segunda parte- uma equipa com outra postura a puxar pelos galões e a afirmar de viva voz que na “Catedral” quem manda somos nós. Rapidamente conseguimos passar para a frente no marcador graças à acutilância dos audazes rapazes que tinham em Luís Barros o epicentro de referência.
No terceiro e quarto período, o combinado nacional foi simplesmente demolidor com uma exibição a condizer com os seus desígnios. Os pupilos de Carlos Niquice (Bitcho) sufocaram o adversários com uma pressão alta, marcação cerrada às pedras basilares sul-africanas e saídas rápidas para o contra-ataque. Foi graças a essa forma de jogar que marcámos 24 pontos no terceiros período, passando para a frente no marcador; 56-51 era o resultado.
Resultado que nos garantia a única vaga da zona VI que nos últimos anos é disputada entre Moçambique e África do Sul. O público puxava pelo combinado nacional, este respondia com eficácia, para o júbilo da moldura humana que enchia as duas bancadas centrais da catedral do basquetebol moçambicano.
No quarto e último período manteve- se o pragmatismo e, sem nenhum tipo de contemplação, em função das lições anteriores, a selecção nacional sacudiu os sul-africanos que viram nas faltas o único recurso para travar a avalanche moçambicana. Barros, bem acompanhado por Octávio Magoliço, Jerónimo Bispo, André Velasco, Gerson Novela, Custódio Muchate e companhia, fizeram uma exibição de encher o olho, justificando, desse modo, o mérito de estar entre as 16 melhores selecções do continente, no Líbia-2009.