Moçambique, através da Assembleia da República (AR), vai enviar uma missão de paz à Somália para persuadir insurgentes locais a enveredarem pelo diálogo com o Governo para a restauração da paz naquele país do Corno de África em guerra desde 1991, altura em que foi derrubado o seu antigo presidente, Mohamed Siab Barre.
O envio da missão surge em resposta à solicitação do Parlamento Pan-Africano “que se mostra bastante preocupado com a guerra que prevalece naquele país e dentro do espírito de que nós, africanos, temos vindo a resolver os nossos problemas através do diálogo”, disse Verónica Macamo Ndlovo, presidente da AR, quando fazia balanço da sua participação na segunda sessão ordinária daquele órgão parlamentar continental realizada há dias na África do Sul.
Ainda não há data marcada para a deslocação da delegação moçambicana “por questões financeiras, mas vamos apresentar a solicitação ao Governo para ver se cria condições, pois estamos preocupados com a continuação da guerra na Somália”, referiu, indicando que os parlamentos do Quénia e da Zâmbia serão os primeiros a despachar as suas delegações com o propósito de convencer os beligerantes a depor armas e dialogarem.
A uma pergunta do Correio da manhã sobre as razões do Parlamento Pan-Africano não enviar em bloco a sua delegação à Somália para ter peso e respeito nos beligerantes, preferindo que cada país o faça individualmente, Macamo disse que “era preferível, de facto, que fôssemos em bloco, mas contingências financeiras enfrentadas por aquele organismo impedem que assim seja”.
Mais tarde, outras missões individuais dos parlamentos da África irão deslocar-se também a Guiné-Bissau, Costa do Marfim, Madagáscar e outros países em conflito com o propósito de interceder junto das partes em guerra para o restabelecimento da paz. Actualmente, refira-se, Somália tem como Presidente da República Sheik Sharif Sheik Ahmed, cujo partido está a ser combatido por várias facções armadas, sendo a mais poderosa a Al Shabab, apontada como tendo ligações com a rede terrorista da al-Qaeda de Bin Laden.
O Governo de Ahmed é apoiado pelo Ocidente e desde a queda de Siad Barre o país está mergulhado em períodos de golpes e contragolpes na disputa do poder.