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Aprovações “massivas” nos exames da segunda época

Na penúltima semana do mês de Dezembro, o Ministério da Educação publicou os resultados dos exames da segunda chamada. Contrariamente aos anos anteriores, a segunda chamada foi muito concorrida em virtude de se ter registado muitas reprovações na primeira chamada.

Não estranha a quase ninguém que, anualmente, se assista a um mau aproveitamento pedagógico nos exames finais dos vários subsistema de educação, com destaque para os do ensino básico e médio geral. Em 2011 não foi diferente. Os exames finais da primeira época deixaram tanto a desejar. O índice de reprovações esteve acima dos 90 por cento.

Porque a culpa não pode morrer solteira, os responsáveis do Ministério da Educação apontaram a rigorosidade na elaboração dos exames, o controlo a que os candidatos foram sujeitos e o fraco empenho destes como sendo as prováveis causas das reprovações (diga-se, sem precedentes). Os encarregados e os candidatos, por sua vez, viam os resultados como o reflexo do actual sistema de educação.

Como é habitual, aos candidatos foi-lhes dada mais uma oportunidade de provarem os seu conhecimento, a dita segunda chamada/época, que foi realizada entre os dias 5 e 12 de Dezembro. Para além dos que tinham reprovado na primeira chamada, foram também submetidos à segunda chamada os candidatos externos.

Após a publicação dos resultados, a nossa equipa de reportagem dirigiu-se a algumas escolas que leccionam aqueles níveis de ensino afim de consultar as pautas e, por via disso, aferir o nível de aproveitamento. O que constatámos foi que os resultados da segunda chamada foram relativamente melhores que os da primeira chamada.

Por exemplo, na Escola Secundária do Infulene, que lecciona o 1º ciclo do ensino secundário geral, as pautas estavam quase todas pintadas a azul (sinal de aprovação). Maior parte dos alunos, senão todos, que tinham reprovado nas duas secções (Ciências e Letras) lograram passar na maior parte das disciplinas. Era normal num júri de 30 alunos passar mais de 80 porcento.

Já na Escola Secundária Francisco Manyanga, uma das maiores escolas do país e cidade de Maputo, em particular, o índice de aprovações esteve acima dos 70 porcento, o que para o respectivo director, Orlando Dimas, é um sinal de que os alunos reprovados na primeira chamada empenharam-se bastante para ter um bom resultado na segunda época. Aquela escola acolheu exames da 10ª e da 12ª classe.

Estes índices (de aprovações) registaram-se um pouco por todo o país, o que suscita muitos debates, com alguns a dizerem que o ministério “fez passar” os alunos simplesmente para cumprir metas, e outros a defenderem a mudança do actual sistema de sistema de ensino porque está desajustado à nossa realidade.

Ministério da Educação esquiva à imprensa

Por o índice de reprovações nos exames da primeira chamada ter se situado acima dos 90 porcento (dados disponibilizados pelo Ministério de Educação), procuramos, junto à Comissão Nacional de Exames, Certificação e Equivalências do Ministério da Educação (CNECE) saber dos níveis de aproveitamento da segunda chamada, de modo a que pudéssemos fazer o balanço do processo.

Entretanto, o director da CNECE, Jafete Mabote, disse que os dados estatísticos relativos aos exames da segunda chamada ainda não foram sistematizados, daí não ser possível falar com exactidão dos níveis de aproveitamento.

Para tal, encaminhou-nos às direcções de Ensino Primário, Secundário e Técnico. Lá, a reposta foi que só a Comissão Nacional dos Exames, Certificação e Equivalências (CNECE) podia facultar as informações. Voltámos a entrar em contacto com director desta comissão, Jafete Mabote, o qual disse que cabia às escolas enviarem os relatórios dos exames às respectivas direcções de ensino.

“Os dados preliminares já estão no Ministério da Educação, mas os definitivos só poderão ser compilados entre Março e Fevereiro deste ano”, disse. Curiosamente, nem aos tais dados preliminares tivemos acesso.

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