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Aposta mais racional para Síria é o plano de Annan, diz Patriota

O governo brasileiro considera a situação na Síria “muito preocupante” pela escalada da violência, mas ainda assim o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defende que a melhor aposta para acabar com os seguidos massacres ainda é continuar com o plano do enviado especial da Organização das Nações Unidas ao país, Kofi Annan.

Desde o ano passado, os manifestantes contrários ao regime do presidente Bashar al-Assad têm se envolvido em conflitos cada vez mais sangrentos com forças de segurança sírias.

A ONU estima que as forças de Assad já tenham matado pelo menos 7.500 pessoas desde o início da rebelião, inspirada por outras revoltas da “Primavera Árabe” em todo o Oriente Médio e norte da África.

O regime de Assad, que diz-se vítima de terroristas patrocinados por governos estrangeiros, afirma que mais de 2.600 soldados e agentes de segurança foram mortos no período.

“A situação na Síria está a evoluir para um conflito sectário com alto nível de violência”, disse Patriota, esta Quinta-feira, durante o Reuters Latin American Investment Summit. “No momento, creio que a aposta mais racional é a do plano Kofi Annan”, acrescentou.

O plano de Annan tem seis pontos que incluem questões de discussões políticas e retirada de armas pesadas e tropas de centros populacionais, acesso livre de assistência humanitária, libertação de prisioneiros, liberdade de circulação e permissão para entrada e saída de jornalistas.

O chanceler brasileiro, porém, disse que nas próximas horas ou dias o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas pode adoptar alguma outra estratégia, dependendo do relato que Annan, ex-secretário-geral da ONU, fará aos membros permanentes do órgão.

“O tempo diplomático às vezes não consegue antecipar-se a situações de crise e de violência e que levam à morte e que levam ao sofrimento”, admitiu Patriota.

Desde Março, a ONU tem tentado negociar com a Síria o plano de Annan e desde 12 de Março vigora um frágil cessar fogo que não conseguiu encerrar os confrontos. O ministro brasileiro ponderou, porém, que as alternativas à saída negociada têm maior risco.

“As acções precipitadas que não sejam concebidas dentro duma estratégia racional, coerente, podem inflamar mais ainda uma situação que já está exacerbada de tensão”, explicou. Patriota acredita que não haverá esse encaminhamento para uma saída militar no caso sírio.

“Eu vejo no caso da Síria uma resistência grande dos membros permanentes do Conselho de Segurança de contemplar qualquer intervenção armada. Isso até tem sido dito pelos Estados Unidos…tendo em vista a alta complexidade do Estado sírio”, argumentou.

Expulsão

O ministro brasileiro também mostrou-se contrário ao procedimento adoptado por alguns países nos últimos dias de expulsar missões diplomáticas sírias em represália ao mais recente massacre na cidade de Houla, que resultou no assassinato de 108 pessoas.

“A expulsão do embaixador não vai ajudar a reduzir a violência”, disse. “Elas (as expulsões) respondem aos impulsos unilaterais, não é objecto de nenhuma decisão consensual ou multilateral das Nações Unidas”, acrescentou.

Patriota também reiterou a posição brasileira na questão dos direitos humanos, rebatendo as insinuações contra o Brasil, que resistiu à adopção das sanções impostas à Líbia antes da derrubada do ex-líder Muammar Khadafi.

“O Brasil quando favorece o diálogo, quando favorece a diplomacia, está a favorecer que a violência não se instaure. E que procure-se soluções sem violência, sem morte”, disse.

“Se for o caso, em última instância, é até plausível recorrer-se às atitudes desse género. Mas, as decisões têm que ser legítimas, ou seja têm que ser tomadas pelo Conselho de Segurança. E elas também têm que ser monitoradas para que não haja desvios de curso de acção”, acrescentou, referindo-se mais especificamente à questão líbia.

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