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Agenda marca segundo dia das negociações malgaxes

O segundo dia das negociações para a busca de uma solução pacífica para a crise política que se instalou em Madagáscar, na sequência de um golpe de estado ocorrido a 17 de Março último, foi marcado pela discussão dos principais pontos da agenda, disse hoje, o Secretário Executivo da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), Tomaz Salomão. Participam nas negociações o presidente deposto, Marc Ravalomanana, o auto proclamado presidente malgaxe, Andry Rajoelina, e os antigos presidentes Didier Ratsiraka, Albert Zafy, bem como representantes de partidos da oposição malgaxe.

Rajoelina ascendeu ao poder a 17 de Março do corrente ano, com o apoio dos militares, um acto considerado pela SADC e a comunidade internacional como golpe de estado. As negociações decorrem a porta fechada no centro de conferências Joaquim Chissano. Falando a AIM, no meio da tarde de quinta-feira, o chefe da equipe de negociadores para a actual crise do Madagáscar, o antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, manifestou o seu optimismo com o curso dos trabalhos.

“Tudo está a correr bem e, por isso, acredito que o desfecho será positivo”, disse Chissano, escusando-se a revelar mais pormenores, mesmo após várias insistências da AIM. Este optimismo também é partilhado pelo Secretário Executivo da SADC, explicando que o ambiente, entre as partes, é menos tenso comparativamente ao primeiro dia de negociações.

“Esta é a primeira vez desde 17 de Março que se sentam juntos na mesma mesa, disse Salomão, para de seguida acrescentar que “reparem que ontem não sorriam, mas hoje já sorriem”. Falando a AIM na noite de quinta-feira, no término do segundo dia de trabalhos, Salomão escusou-se terminantemente a revelar mais pormenores sobre o assunto, e nem mesmo revelar se as partes já teriam chegado a um consenso sobre a agenda. As negociações que se prolongaram durante todo o dia, foram interrompidas quando eram cerca das 21 horas de quinta-feira.

As mesmas deverão prosseguir na sexta-feira, cuja conclusão está agendada para Sábado. “Os malgaxes na terra deles já estavam a conversar”, disse Salomão, fazendo questão de sublinhar que “já estavam a conversar na terra deles”. Segundo o secretário executivo da SADC, as partes chegaram a um “charter”, mas que ainda haviam algumas divergências, tendo sido nessa altura que se chegou a conclusão de que a sua solução só seria possível ao nível dos líderes malgaxes, razão desta ronda negocial em Maputo.

“Os malgaxes estão aqui sentados e eu penso que podemos dizer que é um bom desenvolvimento. Penso que é positivo trazê-los a uma mesa negocial quatro meses, que podemos considerar um curto espaço de tempo”. Alias, disse Salomão, as partes vieram a Maputo porque acordaram ser necessário sentar a mesma para debater alguns assuntos pendentes ao nível das lideranças. Entre os assuntos pendentes Salomão citou como exemplo o caso de Ratsiraka, antigo estadista malgaxe, e que actualmente se encontra exilado na França. Naturalmente, AIM acredita que também deverá ser incluída a amnistia a Ravalomanana, contra quem Rajoelina emitiu um mandato de captura.

“Eles estão sentados em Maputo para concordar essas coisas todas”, disse Salomão. Na ocasião, Salomão aproveitou a oportunidade para explicar que as soluções podem aparecer mesmo durante a discussão da agenda das negociações. “Mesmo ao fixarem a agenda, há vezes em que chegam a conclusão de que aquilo que falaram sobre um determinado assunto acabou por resolver o problema”, explicou Salomão. Num breve contacto com a AIM, minutos após o fim da sessão, Didier Ratsiraka, antigo presidente malgaxe disse estar satisfeito com o rumo das negociações, sem adiantar mais pormenores. Ravalomanana, por seu turno, disse ainda ser muito prematuro para fazer qualquer tipo de comentários.

“Ainda é muito cedo para falar sobre as negociações”, disse Ravalomanana, quando questionado pela AIM. Rajoelina não falou a imprensa. Refira-se que, actualmente, o Madagáscar se encontra suspenso de todas as actividades da SADC e da União Africana. Vários países suspenderam a ajuda económica àquele país insular do Oceano Índico, mantendo apenas a assistência de emergência e ajuda humanitária. O Madagáscar possui uma população estimada em 20 milhões de habitantes, dos quais cerca de 70 por cento vive abaixo da linha da pobreza, ou seja com menos de um dólar por dia.

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