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Afrobasket: Campeãs africanas recebidas com pompa e circunstância

A Liga Desportiva (Muçulmana) de Maputo, equipa vencedora da Taça de Clubes Campeões de África em basquetebol, regressou, esta terça-feira (31), a Maputo, após 15 dias em Abijan, capital da Costa do Marfim, local onde decorreu a prova.

À chegada no Aeroporto Internacional de Mavalane, a equipa foi recebida com pompa e circunstância por uma multidão que aguardava ansiosamente pelo momento. Porém, nenhum representante do Governo esteve na recepção da campeã africana em basquetebol feminino.

Inicialmente prevista para as 13 horas, a chegada da nova campeã de África ao solo pátrio só foi possível cinquenta e dois minutos depois. O troféu, ao estilo de uma mãe que segura, confortavelmente, o seu bebé recém-nascido, estava nas mãos da atleta Valerdina Manhonga, enquanto as outras colegas auxiliavam nos gritos de “campeãs olé, campeãs olé, campeãs oleeeee”.

Pais e amigos dos membros da equipa técnica e alguns movidos pela saudade também não faltaram à “festa”. Todavia, ficaram em segundo plano visto que primeiro foi à nação que as novas campeãs se dirigiram, através dos órgãos de informação ali presentes. Por um lado, a multidão aguardava pelas meninas, diga-se, na circunstância heroínas, aos cânticos que acentuavam o nome da Liga.

Por outro, um aparato de jornalistas lutava para tirar a palavra ao técnico Nazir Salé, o comandante das operações que levaram a Liga Desportiva a ser a nova número um do continente africano em basquetebol feminino ao nível de clubes.

Não faltaram mensagens de felicitação e mais alguns brindes às atletas e ao próprio treinador, afinal, tudo fizeram para merecê-los.

Uma passeata pelas ruas da cidade

Não bastou trazer o troféu africano ao país. Houve também necessidade de apresentá-lo ao resto povo. Em caravana, a equipa da Liga acompanhada por jornalistas e pelos cidadãos que estiveram presentes no aeroporto, seguiram pelas ruas da cidade capital erguendo a Taça.

Buzinas de carro como forma de saudação e congestionamento de tráfego como sinal de consideração pelas campeãs africanas, foram os factos marcantes durante a passeata que seguiu pela Avenida Acordos de Lusaka, atravessando a Eduardo Mondlane até encontrar a 24 de Julho.

O destino era único o edifício do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, onde supostamente o edil David Simango esperava pela campeã para saudá-la. Mas não estava lá. Aliás, também nenhum dirigente superior do Estado Moçambicano esteve nem no município nem aeroporto para vibrar de emoção com as atletas e a equipa técnica.

Porém, coube a João Matlombe e Simão Mucavele, Vereadores para as Áreas dos Transportes e da Educação e Desportos respectivamente, tecerem alguns comentários que no fim resumiram-se nas seguintes palavras: “Parabéns e passem a partir de hoje a contar como o nosso apoio”.

“Cinquenta mil meticais a cada atleta” Rafik Sidat, Presidente da Liga Muçulmana

Há dois anos quando decidimos abraçar o basquetebol no clube, tínhamos como principal objectivo este título africano visto que internamente estamos conscientes de que não temos adversários à altura.

Fomos trabalhando com o Mister Nazir Salé nesse sentido e quando chegou o período da competição, perguntamos a ele o que precisava para trazer o troféu. Foi daí que ele pediu os três reforços nomeadamente a Clarrisse Machanguana, a norte-americana Jazz Covington e a senegalesa Aya Traore.

Nós, como direcção, dissemos que este título valia cinquenta mil meticais por cada jogadora à semelhança dos trinta que demos pela fase preliminar em que também vencemos.

Vamos continuar a abraçar o basquetebol porque orgulhar o país é o que mais queremos e um dos pilares para esse objectivo, é de permanecer abraçados à formação. Até porque estas meninas não duram para sempre e temos de pensar no futuro. E a Liga Muçulmana não vai mudar de nome.

“Queremos continuar a trabalhar” Nazir Salé, treinador da Liga Muçulmana

Este troféu foi graças ao apoio da direcção e da nossa maneira de ser e estar. Trabalhamos arduamente para orgulhar o país e nos concentramos para este propósito.

Porém é preciso dizer que este título não nos envaidecer, antes pelo contrário, requer de nós muito trabalho pelo que só teremos três dias de descanso para a seguir preparar a época.

Leila Dongue, atleta

Estamos todos de parabéns. Devo agradecer à direcção do clube, às colegas, à equipa técnica toda. Este é um prémio de reconhecimento do muito trabalho que temos vindo a fazer. Como tenho dito sempre, ganha quem trabalha.

Valerdina Manhonga, atleta

Vencemos este troféu, mas não vamos parar só por aqui. Temos um treinador muito ambicioso e nós vamos lutar para ganhar muito mais troféus que é o que nos faz bem.

“Temos de fazer um reconhecimento público às atletas”

Francisco Mabjaia, Presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol

É destes troféus que o país precisa. Demonstra que estamos a trabalhar. Porém, não podemos ficar só por aqui. Estamos neste momento a insistir para que os clubes não apostem somente nas equipas seniores mas que lutem para que estes mesmos jogadores estejam com um nível bastante evoluído.

Queremos que o investimento dos clubes esteja também virado para as camadas de formação. Precisamente temos que fazer um reconhecimento público a estas jogadoras pelas glórias que estão a dar a este país.

E mais. Estamos a trabalhar num projecto de levar estas jogadoras experientes aos bairros para ensinarem o basquetebol. Nosso objectivo é ver cada uma destas jogadoras serem madrinhas das escolas cuja modalidade do basquetebol é desenvolvida no escalão dos iniciados.

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