O Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, defendeu hoje, em Maputo, que os países africanos estão em posição privilegiada para reverter a crise económica global. Para Gove, que falava hoje, na cerimónia de lançamento do relatório sobre Perspectivas Económicas em África 2009, os países africanos podem transformar a crise numa oportunidade e mudar a actual estrutura das suas economias, priorizando operações financeiras de índole regional, que facilitem as integrações e fomentem o comércio regional e internacional.
Por outro lado, a crise pode ser uma oportunidade para os Estados africanos apostarem na produção de bens capazes de substituir as importações e aliviarem o deficit das suas balanças de pagamento. “Podemos transformar a crise em oportunidade para mudar a estrutura das nossas economias, através de realização de significativos investimentos em infra-estruturas numa base de parceria público-privada, enfim, para acordarmos o potencial que representam os recursos naturais de que África está prenhe”, defendeu.
Porém, explicou que, para tal, se exige dos países africanos “muita criatividade, visão, discernimento e perspicácia”. O Governador do Banco de Moçambique sublinhou, ainda, que os países africanos devem utilizar adequadamente os espaços fiscais criados pela redução da dívida externa, manter a gestão fiscal e reformas macroeconómicas prudentes, assegurar bom ambiente de negócios e fazer uso massivo das novas tecnologias de informação e comunicação para reverter a actual crise económica.
Ele deu o exemplo de Moçambique onde as perspectivas de crescimento estão afectadas pela recessão económica a semelhança de outras economias africanas. “O Governo foi chamado a tomar medidas no domínio das políticas fiscalorçamental e monetário-cambial, com vista a reduzir o impacto dos choques exógenos. Estrategicamente, houve necessidade de estabelecer sinergias, definir prioridades, reorientar os escassos recursos disponíveis, potenciar a exploração do rico potencial de produção agrícola que o país possui, promover novas oportunidades de negócio, tranquilizar e consolidar a credibilidade dos mercados e estreitar parcerias público-privadas”, explicou.
Gove frisou que, paralelamente, o Banco Central injectou recursos adicionais em divisas através do mercado cambial interbancário, num montante total de 673 milhões de Dólares Norte-americanos (USD), em 2008, o que corresponde a um acréscimo de 265 milhões USD em relação a 2007. Estas injecções de divisas visavam assegurar o funcionamento regular dos mercados interbancários para garantir credibilidade financeira e estabilidade cambial, contribuindo, deste modo, para optimizar as medidas de natureza fiscalorçamental adoptadas para mitigar os efeitos da crise e amortecer o impacto dos choques sobre a inflação doméstica. “As instituições de crédito reforçaram os seus indicadores-chave, com vista a proteger o sistema do efeito contágio da crise financeira internacional. Deste modo, o sistema financeiro continua robusto e competitivo”, enfatizou.
O relatório sobre “Perspectivas Económicas em África 2009” desafios e oportunidades em tempo de crise” resulta da analise da situação social, politica e económica de 47 países africanos e apresenta como tópico a Inovação em Tecnologias de Informação e Comunicação.