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África do Sul: saúde da menor de seis semanas estuprada pelo tio está evoluir

A criança de seis semanas de vida que alegadamente teria sido violada sexualmente pelo seu tio, de 24 anos de idade, em Galeshewe, na província do Northern Cape, na terça-feira (26), foi transferida da unidade dos cuidados intensivos do Hospital de Kimberley para a pediatria da mesma unidade sanitária.

A ginecologista Jan van Soest, um dos sete integrantes da equipa que operou a criança, disse que a petiza seria submetido a exames com recurso a anestesia ao longo desta semana e se tudo correr bem vai ter alta, segundo o jornal The Star na sua publicação desta segunda-feira (02).

A criança sofreu bastante no interior e exterior dos seus órgãos genitais. Porém, apesar de não terem sido diagnosticadas lesões abdominais internas, os mesmos órgãos genitais tiveram de ser reconstruídos devido à gravidade das escoriações. “Apesar da intervenção cirúrgica ter acontecido recentemente, acreditamos que ela será capaz de recuperar fisicamente a ponto de levar uma vida normal e um dia vir a ter os seus próprios filhos”, afirmou Van Soest.

Na última sexta-feira, a ginecologista teria dito que a criança foi levada para o hospital traumatizada e os médicos tiveram de a examiná-la depois da administração de anestesia. Entretanto, o jovem acusado de estupro compareceu ao tribunal de Primeira Instância de Kimberley, na última quinta-feira. O caso foi adiado para 12 de Dezembro próximo. Acredita-se que o tio teria violado a sobrinha por volta das 23h:30 daquele dia.

Zuma chocado com ondas de violações

No último domingo, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, expressou o seu sentimento de choque por causa das recentes violações sexuais perpetradas contra bebés. “Este acto é inexplicável e extremamente devastador. Algo está mal e é gratificante que a sociedade não tenha ainda perdido o seu sentimento de choque”.

Este pronunciamento foi feito numa semana negra na África do Sul, pois, para além da violação da menor de seis semanas, no dia anterior, um adolescente de 17 anos de idade foi detido por estuprar, também, um menino de quatro anos de idade, em Itsoseng, nas proximidades de Lichtenburg, na província de North West. Alega-se que o adolescente teria violado o petiz em frente dos seus amigos e levou a vítima para uma casa abandonada, onde continuou o acto, segundo o sargento Kelebogile Moiloa.

O mesmo adolescente é também acusado de ter violado uma idosa de 72 anos, em Itsoseng, em 2011. Na última quarta-feira, um rapaz de 10 anos, residente na zona de Mapetla, no Soweto, foi sexualmente violado pelo seu professor de 44 anos de idade, em plena aula, supostamente por ter danificado um livro escolar.

Expor os infractores

“Este tipo de incidentes devem nos tornar em insensíveis. Devemos continuar a levantar a nossa voz, de forma que os membros das comunidades possam expor os infractores e dai podermos eliminar este crime sério”, destacou Zuma, para quem o lugar dos que cometem actos macabros é a cadeia.

A ministra da Mulher, Criança e das Pessoas Portadoras de Deficiência, Lulu Xingwana, disse, recentemente, referindo-se aos estupros das crianças de seis semanas e de quatro anos de idade respectivamente, que estamos perante “atrocidades monstruosas. Estes actos só podem ser cometidos por pessoas severamente doentes”. Segundo a ministra, o Governo irá recusar o pagamento de fiança por parte dos autores deste tipo de crimes e fará de tudo para que eles cumpram penas severas.

Números assustadores

A violência baseada no género atingiu, só este ano, números assustadores, pese embora sejam desencadeadas campanhas de sensibilização para o estancamento da violência contra a mulher e criança, lê-se num comunicado publicado na última sexta-feira pela Comissão de Igualdade de Género.

“Somente este ano, o país foi sacudido por uma horrível violação sexual e assassinato da jovem Anene Booysen, bem como a morte de Reeva Steenkamp pelo seu namorado, o corredor para-olímpico Oscar Pistourius, a violação e assassinato da lésbica Duduzile Zozo, as violacções e assassinatos das primas de Diepsloot em Soweto (Yonelisa Mali e Zandile, de dois e três anos de idade) e, agora, fomos sacudidos pela triste notícia da violação da bebé de seis semanas”, destacou em comunicado o director-geral da organização, Mfanozelwe Shozi.

16 dias de activismo

As duas últimas violações (uma da menor de seis semanas e outra do menor de quatro anos) aconteceu ao longo dos 16 Dias de Activismo para a Não-violência contra a Mulher e Criança, campanha cujo objectivo é aumentar a sensibilidade contra a violência baseada no género, destacou Shozi.

Por seu turno, o secretário-geral do Sindicato Democrático dos Professores (Sadtu), Mugwena Maluleke, destacou que a sociedade estava a trair-se. “A sociedade só pode ser julgada mediante a sua habilidade de tomar conta dos mais vulneráveis. Pelo actual cenário, a nossa está a trair a si mesma drasticamente. Esta é uma séria vergonha para todos nós… Queremos dizer basta”.

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