O julgamento de dois sul africanos negros acusados de matar a machadadas o líder supremacista branco Eugene Terre’blanche na África do Sul por uma disputa salarial na sua fazenda começou nesta segunda-feira, com uma demonstração carregada de motivações raciais em frente ao tribunal.
Chris Mahlangu, jardineiro na fazenda de Terre’blanche e outra pessoa de 16 anos que não foi identificada por motivos legais, foram acusados pelo assassinato em abril de 2010 que ressaltou as tensões raciais que ainda existem no país, 17 anos depois do fim do sistema apartheid que Terre’blanche havia lutado pra preservar. Os dois declararam-se inocentes das acusações, que incluíam invasão de domicílio, furto e o assassinato de Terre’blanche a machadadas.
O caso serviu para lembrar das amargas divisões existentes no país, hoje conhecida como “a nação arco-íris” e governada pelo Congresso Nacional Africano, o partido que ajudou a pôr fim ao apartheid.
Norman Arendse, advogado do menor que enfrenta acusações de assassinato, disse que havia “condições horríveis na fazenda”, que não estava apta para a habitação humana. Ele disse ao tribunal que o seu cliente não participou do assassinato, mas ligou para a polícia depois de encontrar o corpo de Terre’blanche.
O promotor George Baloyi disse ao tribunal que os dois encontraram Terre’blanche dormindo na sua cama e então o agrediram com um cano de aço.
Muitos no país que ainda vivem as cicatrizes de seu passado brutal do apartheid estavam preocupados que o assassinato de Terre’blanche – que liderou o Movimento de Resistência Africâner – poderia provocar uma nova onda violência racial. Mas a polícia disse que a motivação do crime provavelmente eram salários não pagos, mais do que qualquer razão política e que o caso não provocou nenhum grande conflito.
Terre’blanche era uma figura proeminente durante os anos finais do apartheid, mas depois viveu em relativa obscuridade, particularmente desde a sua libertação em 2004, depois de servir uma sentença na prisão por agredir um homem negro quase até a morte.