Várias organizações da sociedade civil receiam cada vez mais que a África do Sul possa fazer face a uma nova onda de violências xenófobas, enquanto as tensões entre os cidadãos deste país e os estrangeiros são crescentes.
Uma série de agressões isoladas contra refugiados e requerentes de asilo africanos nas províncias do Cabo Ocidental e do Free State, semana passada, levaram as organizações de defesa dos direitos cívicos a advertir que as violências que se alargaram a todo o país em 2008, fazendo 62 mortos e centenas de feridos, poderão repetir-se.
Na Cidade do Cabo, onde o Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, sugeriu que os requerentes de asilo e os migrantes devem ser impedidos de gerir lojas e alugar casas aos residentes locais para fins comerciais, vários estrangeiros foram agredidos.
Em Beacon Valley, no subúrbio da Cidade do Cabo, vários armazéns pertencentes a estrangeiros foram atacados com coqueteis Molotov e em Free State cerca de 600 estrangeiros foram deslocados por ataques xenófobos na cidade de Botshabelo, segundo a Cruz Vermelha Sul-africana.
«Tudo começou quando os vendedores de rua foram expulsos da cidade de Botshabelo», indicou a Cruz Vermelha num comunicado.
A Cruz Vermelha anunciou que está a ajudar actualmente 584 estrangeiros deslocados na Câmara Municipal, ao lhes fornecer alimentos, cobertores e outros artigos.
Por outro lado, os africanos ricos do continente compram propriedades na África do Sul, enquanto o Governo está a reflectir sobre uma proposta que autoriza os estrangeiros a obterem apenas contratos de arrendamento.
Segundo o barómetro da propriedade do «First National Bank » para o segundo trimestre, os compradores estrangeiros africanos passaram de 8,5 porcento do total dos compradores em 2010 para 20 porcento este ano.
