Afonso Dhlakama, líder da Renamo, partido da oposição em Moçambique, afirma ter persuadido ao seu irmão, Elias Dhlakama, coronel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), a abandonar o exército governamental que considera “partidário e discriminatório”.
Em declarações a jornalistas, Afonso Dhlakama chegou mesmo a afirmar que o seu irmão está a ser alvo de humilhação na Academia Militar “Marechal Samora Machel” em Nampula, alegadamente por não estar a desempenhar funções adequadas à sua qualificação académica e técnicoprofissional.
Tenho insistido com o meu irmão para abandonar aquela porcaria. Disse Afonso Dhlakama que se identifica de “general de quatro estrelas” do antigo movimento de resistência moçambicana.
Porém, os conselhos de Afonso Dhlakama não foram acatados pelo coronel Elias, que afirma estar a cumprir uma missão patriótica e, por conseguinte, desvaloriza as recomendações politicas e belicistas do seu mano.
Vários comentários estão a circular ao nível de outros partidos políticos, na sequência dos constantes pronunciamentos intimidatórios e de indução à violência daquele que se auto proclama de “pai da democracia moçambicana”.
Os discursos do líder da Renamo têm incidido no anúncio da criação de quartéis para as suas “tropas” e no desencadeamento de uma revolução nacional, com efeitos imediatos. Para Edson Macuacua, secretário do Comité Central do Partido Frelimo para Mobilização e Propaganda, estes discursos são desfasados e contraditórios à vontade dos moçambicanos que é a preservação da paz e unidade nacional.
Por seu turno, Filomena Mutoropa, delegada provincial do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), aconselha, em tom irónico, ao líder da “perdiz” a implantar os referidos quartéis na sua terra natal, em Chibabava, albergando apenas os seus familiares.
Refira-se que Afonso Dhlakama tem vindo a repudiar a alegada partidarização do exército governamental, uma situação que que apelida de flagrante violação ao Acordo Geral de Paz (AGP) assinado entre o governo da Frelimo e a Renamo, em 4 de Outubro de 1992.
Argumenta que o acordo preconizava, dentre várias itens, a criação de um exército único, integrando um efectivo de cerca de 30 mil homens provenientes de ambos as facções, facto que, segundo suas afirmações, não está acontecer a partir do ano de 2000.
Afonso Dlhakama acusa o Presidente da República, Armando Guebuza, na qualidade de Comandante-em–Chefe das Forças de Defesa e Segurança, de estar a ordenar a desmobilização coerciva dos elementos da Renamo.