O homem acusado de matar 12 pessoas, na madrugada da Sexta-feira (20), num cinema do Colorado compareceu, Segunda-feira (23), à primeira audiência do seu processo.
Ele tinha os cabelos tingidos de laranja e vermelho, e permaneceu em silêncio, com olhar sonolento e desinteressado.
James Eagan Holmes, 24, que foi detido imediatamente depois do massacre, estava algemado pelos punhos e tornozelos.
Ele olhava sempre para frente e ocasionalmente pisava com força, como que tentando afastar o sono.
Cerca de 40 parentes de vítimas sentaram-se à esquerda da galeria. Um familiar que ficou na primeira fila encarou Holmes o tempo todo.
Quando o juiz William Sylvester fez uma pergunta a Holmes, o acusado permaneceu com o olhar perdido, e um advogado respondeu em seu nome.
Holmes, segundo a polícia, entrou na pré-estreia do filme “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, num shopping de Aurora (Colorado), usando máscara antigás e colete à prova de balas.
Ele accionou uma cápsula de gás na sala e, munido de três armas, começou a disparar indiscriminadamente, matando 12 espectadores, inclusive uma menina de 6 anos, e ferindo outros 58, alguns com gravidade.
O ex-aluno de neurociências também montou armadilhas explosivas no seu apartamento, e a polícia diz que ele poderia ter destruído o prédio de três andares onde vivia. Uma detonação controlada foi feita pelas autoridades no fim de semana.
A polícia diz que ainda investiga a motivação do crime, que surpreendeu colegas e conhecidos. Eles descrevem o californiano Holmes como um rapaz pacato e inteligente.
O juiz marcou uma nova audiência para a próxima Segunda-feira, quando as acusações formais devem ser apresentadas.
A promotora Carol Chambers pode solicitar a pena de morte para o acusado, mas disse que antes vai consultar os sobreviventes e parentes das vítimas fatais.
O Colorado tem actualmente três réus no corredor da morte, e dois deles foram condenados em processos nos quais Chambers foi a promotora.
A chacina do cinema reúne todos os elementos previstos pela lei do Colorado para a pena de morte, inclusive a premeditação, a existência de várias vítimas e a morte duma criança, segundo o ex-procurador Craig Silverman.
“Se James Holmes não for executado, o Colorado pode muito bem deitar a sua lei da pena de morte.” David Sanchez, cujo genro foi morto no incidente, disse que a pena de morte “seria justiça”.
A filha dele, Katie Medely, que está grávida de nove meses, sobreviveu. Não ficou claro se algum parente de Holmes foi à audiência, mas uma advogada da Califórnia contratada pela família, Lisa Damiani, deveria fazer a sua primeira declaração formal sobre o caso ainda na Segunda-feira.
A polícia disse que todas as armas usadas no massacre foram adquiridas de forma legal. Holmes está numa cela solitária para não ser agredido por outros presos.
Recentemente, o acusado deixou o doutorado em neurociências da Escola de Medicina Anschutz, na Universidade do Colorado, que fica a poucos quarteirões do seu apartamento.