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Acompanhantes de doentes pernoitam em lugares imundos em Chiúre

Os acompanhantes dos enfermos internados no Hospital Distrital de Chiúre, na província de Cabo Delgado, vivem em lugares com condições de higiene bastante precárias, em virtude das longas distâncias que separam as suas residências daquela unidade sanitária. Além de ser asqueroso, o local onde preparam as refeições e dormem está infestado de lixo. As necessidades maiores e menores são feitas a céu aberto nas imediações devido à falta de casas de banho.

No sítio em causa, dezenas de pessoas provenientes de várias localidades daquela circunscrição geográfica preparam refeições e passam dias a fio à espera que os seus parentes tenham alta médica. Elas alegam falta de meios para efectuar vaivéns com vista a visitar os seus familiares e o sacrifício visa não deixá-los à sua sorte.

Natália Niquene, de 32 anos de idade, mãe de sete filhos, vive na localidade de Namitíl e é uma das entrevistadas pelo @Verdade. Deste ponto para o Hospital Distrital de Chiúre distam sensivelmente 30 quilómetros. Ela está consciente de que o lugar onde se encontra albergada constituiu uma ameaça para a sua saúde mas não tem alternativa.

A nossa entrevistada está naquele local porque a sua progenitora, de 50 anos de idade, está internada no hospital situado perto donde se encontra por causa de uma malária resistente. “Sem a data prevista para ela ter alta, eu como sua filha mais velha tenho a responsabilidade de cuidar dela, confeccionando os alimentos e lavando a sua roupa”.

Natália lamenta o facto de os gestores do Hospital Distrital de Chiúre limitarem o acesso à água por parte das pessoas albergadas no referido alojamento. O precioso líquido é abastecido entre as 05h00 e 06h00. Por conseguinte, alguns cidadãos compram uma garrafa de água com menos de cinco litros por 10 meticais, o que torna a vida mais difícil.

“Estamos mal, o pior é que há uma semana que os doentes não têm acesso aos balneários, salvo aqueles que pedem ajuda nas casas circunvizinhas”, lamentou, Natália, cujos depoimentos foram corroborados por Abiba Asmim, que, também, há uma semana está à espera de o seu irmão ter alta médica.

Abiba contou que durante o tempo em que se encontra naquele lugar passou mal de diarreia. “O alojamento não está em boas condições de saneamento. Por exemplo, não temos casas de banho e fazemos necessidades maiores e menores algures. Já não suportamos o cheiro nauseabundo e o lixo que existe à nossa volta”.

Sobre este problema, Maria Tauabo, secretária permanente do distrito de Chiúre, desdramatizou justificando que os balneários estavam avariados mas já funcionam. “Para além de limpezas diárias que os acompanhantes dos doentes devem fazer, a equipa do hospital faz a jornada de limpeza mensalmente com o intuito de deixar o local em boas condições”.

Maria reconheceu que há restrições no fornecimento de água devido à baixa cobertura dos serviços. O Governo está a trabalhar com vista a melhorar a situação em Cabo Delgado.

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