A capital de Moçambique acolheu, no início do mês de Setembro, o 10º Festival Internacional de Publicidade. As agências DDB Moçambique, P&P Link Maurícias, Bar Lisboa, e a FCB Lisboa arrebataram os grandes prémios do evento que não contou, pelo segundo ano consecutivo, com a presença da mais premiada agência de publicidade de Moçambique, a GOLO. “ (…) Optámos por participar em apenas alguns festivais internacionais com reputação e conceituados, como Nova Iorque, onde conquistámos 16 troféus este ano”, justificou-se Thiago Fonseca.
“Apesar de a GOLO ser a Agência mais premiada no festival desde a primeira edição, e, ter dado suporte desde o início, não participámos porque não concordamos com vários aspectos relacionados com a organização”, esclareceu numa entrevista ao @Verdade, por email, o director criativo da mais antiga agência de publicidade do nosso país, e responsável também pelos melhores e mais populares anúncios que os moçambicanos já viram, e ouviram.
“Por outro lado, apercebemo-nos de que as nossas campanhas que caem no gosto popular e trazem grandes resultados para as marcas nem sequer foram finalistas no festival local de Maputo. Refiro-me ao Ishh Yowe, entre tantas outras campanhas”, acrescentou Thiago Fonseca que enfatizou que a GOLO está focada em “criar para o povo e não para oito jurados dos quais a maior percentagem não é de Moçambique e por isso não entende o trabalho. Não perdemos tempo precioso a criar para ganhar festivais. Criamos para ganhar a atenção do povo” moçambicano, dentro da filosofia do pensar local.
De acordo com Thiago a Associação Moçambicana de Empresas de Marketing, Publicidade e Relações Públicas (AMEP) deveria “concentrar-se na protecção da indústria publicitária e não prioritariamente no festival” e revelou que “a GOLO e outras das principais agências de Moçambique deixaram de ser associadas da AMEP nos últimos três anos”.
Violações ao código de publicidade
Além da DDB – que conquistou um “Grand Prix”, duas conchas de ouro, oito conchas de prata e duas conchas de bronze – apenas outras quatro outras agências de publicidade nacionais participaram neste festival, pouco representativas do crescente mercado de publicidade, comunicação e marketing em Moçambique.
A GOLO é a única agência de publicidade moçambicana a ganhar um “Leão de Ouro”, o maior prémio de publicidade atribuído no Festival de Cannes, em França, em 2003.
“A publicidade em Moçambique não é a GOLO, tem outros actores, tem novas agências”, reagiu o presidente da AMEP, Mário Ferro, numa breve entrevista telefónica com o @Verdade.
Recentemente, o Conselho Superior de Comunicação Social (CSCS) pronunciou-se contra a violação generalizada das normas que regem a publicidade comercial difundida pelos órgãos de informação. Tomás Vieira Mário, presidente do organismo, disse que em Moçambique a publicidade é feita com uma violação grave dos valores e da cultura de moçambicanos para além de pôr em causa a saúde dos cidadãos.
“Eu não vou falar de violações ao código de publicidade sem ter factos concretos”, disse Mário Ferro quando confrontado com esta posição do CSCS e acrescentou que a AMEP não monitora a aplicação desse código, que deveria ser respeitado por todos os profissionais de publicidade, comunicação e marketing, “(…) isso é da responsabilidade do Ministério da Indústria e Comércio, quem tem a responsabilidade de tutelar o cumprimento do código de publicidade não é a AMEP”, apesar de ter sido a Associação Moçambicana de Empresas de Marketing, Publicidade e Relações Públicas a entidade que elaborou a proposta do referido código.
Questionado sobre que outras actividades a AMEP realiza, Mário Ferro foi evasivo, afirmando que “a AMEP defende os interesses dos seus associados e, de uma forma geral, a comunidade empresarial nacional”.