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A papaieira da discórdia!

Numa altura em que o país e o mundo se mobilizam para o plantio de árvores, eis que Linda Lígia, directora da Escola Primaria “3 de Fevereiro”, na cidade de Maputo, abateu uma papaieira pelo simples facto de as funcionárias daquele estabelecimento de ensino terem colhido algumas papaias sem o seu consentimento. E o resultado é uma história que faz rir e… chorar também. 

Três coisas se recomendam a um adulto antes de morrer: gerar um filho, escrever um livro e plantar uma árvore. Se isso é difícil, então ao moçambicano resta uma coisa: ser como o índio que se recusa a abater uma árvore.
Mas não é isso – infelizmente – o que acontece no nosso dia-a-dia. O episódio da agressão a uma árvore veio ao de cima quando, à hora do almoço da sexta-feira passada, dia 3, duas jovens irromperam pela nossa Redacção. Envoltas num misto de tristeza e de alegria, elas explicaram o motivo da inesperada visita: “ viemos queixar-nos dos maus-tratos da directora”, disse uma delas, triste. A outra face desta história triste é, afinal, risível e de cortar a respiração a qualquer pessoa sensata: “ tudo porque nós fomos arrancar papaias maduras sem o seu consentimento.”
 
Como arrancaram as frutas sem o “visto” da número 1 da “3 de Fevereiro”, pagaram caro: mal ela as viu com as papaias nas mãos, Linda Lígia achou-se menosprezada e, talvez por isso, decidiu exercer o poder que o Estado lhe conferiu e lhe pesa faz tempo: ordenar para que lhas entregassem imediatamente. 
No princípio parecia um assunto mesquinho e passageiro. Por isso, as três visadas também acharam por bem fazer ouvidos de mercador. As funcionárias foram guardar as frutas na secretaria, o posto de trabalho naquela escola. E, como era tempo de manjar, dirigiram-se à cozinha.
 
Era o que faltava para completar à bola de neve que gerou um problema sem precedentes: com os nervos à flor da pele, a directora Linda Lígia também não se fez de rogada, perseguindo-as. Enquanto degustavam a fruta, eis que a responsável máxima daquela escola “começou a insultar-nos, chamando-nos todos os nomes feios possíveis”. Mesmo assim, as visadas dizem que preferiram continuar a fingir que nada de grave estava a acontecer. “Viramos as orelhas para não ouvirmos os insultos…”
 
Como há limites psicológicos humanamente suportáveis, uma delas não resistiu mais e decidiu ir buscar todas as papaias que detinha e entregou-as à directora. As outras colegas seguiram-lhe o exemplo. “ Mas nós entregámos-lhe as papaias menos boas, em virtude de ela (a directora) ter-nos insultado a torto e a direito, ao invés de nos pedir de forma sociavelmente aceitável ”, confidenciaram. Mas nem isso amainou os ânimos da “boss” da “3 de Fevereiro” pois, conforme as suas vítimas, ao invés de abrandar, aumentou o tom das injúrias. Consequência: instalou-se um clima de medo total. “Nem parece que estamos a trabalhar para o Estado!”, lamentam. 
História que faz chorar … 
Emanados no direito de autodefesa que a lei confere aos cidadãos, o @VERDADE procurou ouvir a versão dos factos junto da directora do “3 de Fevereiro”. 
 
Ainda com os nervos à flor da pele, Linda Lígia não só se recusou a falar sobre o assunto como também ocultou seu nome. “ Só falo diante das vossas fontes”, determinou. E acrescentou: “ este jornalismo do @VERDADE é péssimo”. Peremptória, disse: “  (…) eu sei que vão escrever que eu não quis falar o quê, quê, quê…não me importa: escrevam!!!.” 
 
Insistimos em saber se era ou não verdade que ela arrancou as papaias, injuriou as três funcionárias afectas na secretaria da escola que dirige. Linda Lígia ripostou: “ Só falo se me trouxerem as vossas fontes”. Advertiu ainda que mais do que isso só responderia diante de quem a nomeou directora daquela escola: o Estado. Sempre muito senhora de si mesma, à dada altura da conversa – de surdos – a responsável máxima da “3 de Fevereiro” convidou-nos a sair do seu gabinete porque “vocês é que estão a trazer problemas para mim e eu tenho muita coisa para fazer”. 
 
Tinha transcorrido cerca de meia hora dessa conversa surda quando entraram dois homens. “ Ainda bem: este é meu adjunto pedagógico. Perguntem-no se sabe alguma coisa da papaieira!” Perguntámos-lhe, primeiro pelo seu nome. Cabisbaixo, não nos pôde responder porque a directora proibiu-lhe assim que ia pronunciá-lo. 
 
Em vão tentamos explicar-lhes – aos três membros da direcção – que era, também nos termos da lei, o nosso dever profissional proteger as fontes, mesmo diante do juiz. “ Eu é que não tenho direito?
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