A mulher do capitão acusado de encalhar o navio de cruzeiro Costa Concordia disse, numa entrevista publicada, esta Terça-feira, que estava indignada com a maneira como o seu marido vinha a ser retratado na imprensa.
O capitão Francesco Schettino foi acusado de provocar o desastre a 13 de Janeiro, no qual pelo menos 16 pessoas morreram, quando a embarcação que transportava 4.200 passageiros encalhou na costa da Itália e emborcou.
“O meu marido está no centro duma tempestade sem precedentes na imprensa”, disse a sua esposa, Fabiola Rossi, à revista francesa Paris Match. “Não consigo pensar em nenhuma outra tragédia naval ou aérea em que a parte responsável tenha sido tratada com tanta violência… Essa é uma caça humana, as pessoas estão atrás dum bode expiatório, dum monstro.”
Schettino, que foi acusado de homicídio, de provocar o naufrágio e de abandonar o navio, vem a ser descrito como um covarde pelos jornais italianos, depois duma gravação da sua conversa com um agente da guarda costeira durante o desastre que vazou para a imprensa e circulou na Internet.
Questionada se tinha raiva do tratamento dado a ele, ela disse: “você não teria?” Ele é “alguém determinado, firme e lúcido. Ele é capaz de analisar situações, de entendê-las e administrá-las. Em casa ele é organizado e meticuloso, ele é amigável e uma pessoa alegre, que ganha a estima das pessoas”, acrescentou Fabiola numa versão da entrevista publicada no site do Paris Match.
Na gravação com a guarda costeira, Schettino parece confuso e fora de controle quando recebe a ordem de voltar para o navio e é ameaçado de prisão.
O advogado de Schettino, que diz que o seu cliente admite responsabilidade parcial pelo desastre, está a tentar ampliar a investigação para incluir uma terceira parte com quem ele esteve em contacto, os proprietários do navio, Costa Cruises.
A empresa, uma unidade do Carnival Corp, a maior operadora de navios de cruzeiro do mundo, suspendeu Schettino e declarou-se parte lesada no caso. Disse que “um erro humano infeliz” cometido por Schettino provocou o desastre.