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“A mamã é que me manda para vender este maheu todos os dias”, estudante da 5ª classe no Distrito de Vanduzi

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Os novos horários de aulas presenciais introduzidos pelo Governo de Filipe Nyusi, que até hoje foi incapaz de criar as condições básicas de prevenção da covid-19 em todas as escolas, deixou milhares de crianças com demasiado tempo livre que, nas famílias mais carenciadas, são forçadas a trabalhar. “A mamã é que me manda para vender este maheu todos os dias na companhia do meu irmão”, disse ao @Verdade um menor de 11 anos de idade que deveria estar a frequentar a 5ª classe no Distrito de Vanduzi.

Em pleno horário escolar o @Verdade encontrou Erich, aluno da 5ª classe, com balde de pombe doce no ombro. “A mamã é que me manda para vender este maheu todos os dias na companhia do meu irmão”, revelou o menor de 11 anos de idade que desde que as aulas recomeçaram deveria estar nas tardes das segundas e quartas-feiras na Escola Primária Completa de Chitundo.

“Os 50 Meticais que ganho por dia servem para as despesas em casa, somos sete pessoas, incluindo o papá que trabalha em Catandica”, contou ao @Verdade o comerciante de palmo e meio cujo sonho é ser enfermeiro enquanto vaguei pelas ruas da vila sede do Distrito de Vanduzi na companhia do seu irmão de 13 anos de idade que também tenta vender a bebida doce de fabrico caseiro, também conhecida por maheu.

Na terminal de transportes inter-distritais outras crianças praticam o comércio informal. Eunice, estudante da 6ª classe, enfrenta um drama maior, “vivia em Matsinho com os meus pais, mas no ano passado a minha mamã morreu e o papá casou de novo. Por que não me entendia com a madrasta, todos os dias maltratava-me, fugi e vim cá para viver com a irmã da minha falecida mãe”.

“Mas em casa da minha tia somos muitos, por isso que passo os dias aqui vendendo bolinhos e refresco”, relatou a órfão de 13 anos de idade. Sobre apoios governamentais devido a pandemia respiratória “nunca ouvi nada”.

Entretanto o @Verdade encontrou uma residente de Vanduzi que está expectante com o subsídio governamental no âmbito da covid-19. “Em Agosto vieram lá em casa os líderes pedir os documentos e fotos das meninas, já tratámos e disseram que vamos começar a receber em Novembro” afirmou Vaida, viúva que procura o sustento no novo mercado erguido nos arredores de Vanduzi, para criar distanciamento físico entre os vendedores do mercado do centro da vila.

“Com a morte do meu marido, em 2020, a minha vida está mal. Tenho duas filhas menores e o meu cunhado de 13 anos, e está difícil dar de comer. Assim estou aqui a fazer tempo enquanto a chuva não cai para ir semear na machamba” explicou Vaida.

“Conseguia sustentar a minha família até começar essa doença”

Com um cumulativo de apenas nove infectados desde Março de 2020 poucos habitantes do Distrito de Vanduzi levam a sério a existência da pandemia respiratória e cumprem-se cada vez menos as medidas de prevenção. “A minha actividade de rendimento desde 2009 é corte e costura, conseguia sustentar a minha família até começar essa doença” declarou Ponessai Manue explicando que os fardamentos escolares eram o seu grande negócio, com o fecho das escolas “tenho sérias dificuldades”.

Ponessai Manue disse ao @Verdade que durante algum tempo “consegui virar-me graças ao fabrico de máscaras, mas desde que muitas pessoas se aperceberam que a doença está a matar mais nos países ricos, como Brasil, América, China e outros, muitos desistiram de pôr máscaras e nós os alfaiates também já não temos como sobreviver”.

O não uso da máscara de protecção facial foi corroborado por Jaime Jorge. “As máscaras já não têm saída, por que não são muitos que usam, a não ser que alguém que queira viajar para o Chimoio ou Púnguè por medo da polícia ao longo da viagem”.

“Aqui ninguém usa máscara agora, conforme está a ver” indica o jovem comerciante informal recordando que “nos meses passados o senhor Administrador, os líderes e secretários de bairros vinham sempre aqui exigir o uso das máscaras e todos compravam”.

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