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A impenetrabilidade da matéria

L er um jornal, nem que seja ao fim-de-semana, dá jeito! Quanto mais não seja, aprende-se muita coisa que não nos passava pela cabeça. Ao fim-de-semana saem uns muito grossos, cheios de páginas, mas até nesses o pessoal encontra coisas giras. Ainda na semana passada comprei um destes, porque me disseram que trazia muitos anúncios de terrenos e de algumas casas para vender; é que a gente cá em casa agora já não cabe; nasceu-me mais um miúdo e não o posso pôr a dormir no mesmo quarto da miúda, não é? Não dá, e agora também dorme lá a minha tia que ficou viúva o mês passado.

A velha não se aguentava a morar sozinha; “tá balhelhas” de todo! Ela até devia estar contente, que agora já não tem que aturar as bebedeiras do marido e as lambadas que ele lhe dava, mas… a gente até compreende que esteja assim; um homem faz sempre falta a qualquer mulher! Bom, mas andava eu à procura dos anúncios dos terrenos e das casas, quando descobri uma reportagem muito gira e fui logo ler. Primeiro, estive a ver a fotografia. Que rica paisagem! Eram quatro mulatinhas de se lhes tirar o chapéu, ali a olhar para o pessoal, de perninha esticada para a frente. Põem-se assim, e depois admiram-se! Eu até disse para a minha Maria: «Tas a ver porque é que eu te chamo camião? Já viste estas febras?». Adiante.

O repórter na notícia é que explicava bem: elas põem as calças de ganga, começam a fazer-se todas “flausinas”, a chamarem a atenção da malta, pedem lume, coisa e tal, riem-se todas, perguntam onde é que a farmácia coisa e tal, a malta começa a responder e tal, depois convida-se para ir tomar um refresco, e tal, às duas por três elas aceitam a dar uma volta, todas contentes, estão a ver o esquema?

Depois, pronto! Começam-nos a dar a volta à carola e a malta não se aguenta; depois vêm com conversas de chacha, a dizerem que queremos todos a mesma coisa, e tal, que somos sempre mal intencionados e o que elas queriam era só um bocadinho de convívio e ir apanhar ar e tal… começam a pedir para voltar para casa, senão chamam a polícia… Não estamos preparadas, é o que é!

Brincam com o fogo e depois começam a chamar pela mãezinha! E um homem não é de ferro. O repórter lá na notícia o que dizia era que as mulheres não podem ser violadas quando estão de calças de ganga (jeans parece que quer dizer calças de ganga em americano); quer dizer que estiveram de calças de ganga e disseram que foram violadas, é “tanga!”. Ou seja, para serem violadas de calças de ganga, têm de colaborar! Eu, quando li aquilo, até achei que os doutores juízes da reportagem têm razão e… não têm!

À uma, têm, porque só quem não conhece a ganga é que sabe que um homem, por mais abonado que seja, não consegue fazer o que tem a fazer por cima de umas calças daquelas; à outra, não têm, porque, a bem dizer, só um “mariconço” qualquer é que não seria capaz de arrancar um par de calças a uma miúda antes de começar o serviço. Sabem o que é que eu fiz? Resolvi tirar a prova dos nove.

À noite, mandei a minha Maria vestir as calças de ganga que costuma levar quando vamos de férias ao Bilene e deitar-se na cama. Ela já sabe o que é que eu quero ao sábado, àquela hora, disse-me logo: “Ó homem, estiveste outra vez a ver aquelas porcarias na televisão, por isso é que ficaste na sala até mais tarde!” Como eu não tinha que lhe explicar nada – também se explicasse, não podia fazer a experiência como deve ser, não é? – fui ver se os homens tinham razão ou não. E não é que tinham?

Tinham razão, mas era por uma coisa que eu agora vou explicar: não era só porque a malta não consegue coisa e tal por cima das calças nem porque não é capaz de arrancar as ditas à má fila; não, não é por isso. A chatice toda é que, mesmo se elas derem uma ajudinha a um gajo, aquela porcaria de ganga parece que se cola às pernas delas – então quando estão apertadas, como as da minha Maria… – e nunca mais vêm por ali abaixo; demora tanto tempo que nunca mais é sábado e… apaga-se o pavio da velinha a um homem! Fica-se a chuchar no dedo. Uff!…

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